893kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Rampas, chapas e luzes nunca repetidas: no interior do premiado museu de Siza e Castanheira

Este artigo tem mais de 3 anos

Inaugurado em novembro do ano passado, o "pequeno e enorme" Museu de Arte e Educação na China é um projeto de Álvaro Siza e Carlos Castanheira, e um dos "Edifícios do Ano" para a Archdaily.

19 fotos

Com pouquíssimos meses de vida, o Museu de Arte e Educação (MoAE) em Ningbo, na China, foi o grande vencedor na categoria “Arquitetura Cultural” da conhecida plataforma Archdaily, distinção que traz o muito estimado rótulo “Building of the Year 2021” (“Edifício do Ano”, em português). O projeto assinado pelos arquitetos Álvaro Siza e Carlos Castanheira — o único português nomeado como finalista pela publicação online — foi inaugurado em novembro de 2020 e desde o início tem dado nas vistas pela forma irregular e pela chapa metálica negra que o cobre em toda a sua extensão.

O convite chegou aos ouvidos da dupla em 2014. Carlos Castanheira, habituado a visitar o continente asiático, ajustou a agenda e fez um desvio que veio a tornar-se proveitoso. Depois de visitar o local e conhecer o cliente — um empresário chinês que detém várias escolas em Ningbo — o duo ganhou não um, mas dois projetos. A ideia original era que Siza e Castanheira projetassem cinco villas na mesma localidade, mas a esse plano somou-se um outro: construir um museu que albergasse a “belíssima” coleção privada de pintura e escultura do cliente (alguns objetos têm centenas de anos). Tanto o museu como as villas, que curiosamente ainda não estão concluídas, fazem parte de um projeto maior, que envolve ainda mais 20 unidades habitacionais e um hotel com centro de congressos, cuja responsabilidade pertence a outros arquitetos.

A cor branca domina no interior do museu. Lá dentro não existem escadas, sendo que os percursos fazem-se através das rampas desenhadas para o efeito

强 富 (©HouPictures)

Porque visitar um museu “é fazer um percurso”, a deslocação no edifício é conseguida através de rampas que nunca se sobrepõem. “As rampas nunca estão uma sob a outra, os percursos que existem são sempre variados”, comenta Castanheira. A ideia é reunir perspetivas diferentes e trazer dinamismo ao interior da estrutura que se distribui por seis pisos, incluindo o último onde se encontra um lounge e um terraço (a partir dele observa-se toda a área envolvente e os restantes projetos em desenvolvimento). “É um percurso museológico muito didático e arquitetónico que culmina lá em cima.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Somos da opinião que o branco é uma cor e não a ausência de cor. É o melhor tom para expor peças de arte”, defende, explicando como o interior é dominado pelas paredes brancas que refletem a luz natural que chega sobretudo da claraboia central e que ilumina o “grande hall vazio”. O interior contrasta fortemente com o exterior, cujas chapas negras de alumínio eram para ser prateadas. “Pintaram o edifício com material preto, foi uma surpresa extraordinária. Ponderámos muito e mudámos de ideias. Apesar de ser preto, o edifício vai mudando de cor durante as horas do dia. É muito interessante porque não mantém uma cor única.”

À medida que nos aproximamos do museu, chegando de carro ou a pé, “ele começa a mexer-se”. Os visitantes são até obrigados a procurar as portas de entrada que se situam nas traseiras — a ideia é que todas as partes do MoAE sejam de igual importância e que nada seja facilitado a quem o visita. À pequena entrada segue-se, então, um espaço enorme e o contraste é, uma vez mais, propositado: depois da compressão temos a descompressão e a surpresa. É essencial “viver o edifício”, diz Castanheira. “É o arquiteto que decide como as pessoas o usam e não o contrário”.

As chapas negras de alumínio, que cobrem o edifício, eram supostas ser prateadas. Apesar do tom, o museu vai mudando de tons ao longo do dia

强 富 (©HouPictures)

Em todas as obras, a dupla procura trazer objetos made in Portugal. É o exemplo de dois candeeiros especialmente desenhados para o museu. São conceção de uma empresa de Águeda, a Climar, e descem verticalmente do teto ao longo de 21 metros. Foi precisa, aliás, a ajuda de técnicos portugueses que voaram até à China para supervisionar a montagem. O exemplo do que é nacional reflete-se ainda na escolha de móveis, tapetes e até puxadores de portas. Os azulejos da Viúva Lamego são a cereja no topo do bolo, tanto que Castanheira ironiza: desta vez, vieram contentores de Portugal para a China e não o contrário.

O projeto em números

Mostrar Esconder

Área: 5.300 metros quadrados
Ano de finalização: 2020
Período de construção: entre 2014 e novembro de 2020
Detalhe: para o recheio do projeto foram incluídos vários objetos de produção portuguesa, tal como dois candeeiros com 21 metros de comprimento vindos diretamente de Águeda e azulejos da Viúva Lamego
Arquitetos: Álvaro Siza e Carlos Castanheira

O “pequeno” museu que é “enorme por dentro”, de 5.300 metros quadrados, é o quarto ou o quinto projeto construído pela dupla na China — Carlos Castanheira não sabe precisar —, sendo que a incursão pela Ásia começou em 2005, com um primeiro convite a chegar da Coreia do Sul. A caracterização “pequeno”, diz ainda, reflete o carinho e a intimidade de um projeto cheio de “alma”.

“Portfólio” é uma viagem ao pormenor dos ambientes, espaços e projetos mais inspiradores.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.