O novo diretor do Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, António Ponte, quer avançar com a internacionalização da instituição e das suas coleções, bem como realizar exposições anuais a partir das obras em reserva.
“O projeto tem uma vertente muito forte daquilo que queremos que seja um processo de internacionalização do museu e das suas coleções, […] que é fazer produção cultural interna que seja capaz de ir a outros espaços na Europa e fora da Europa, mas também receber contributos de outros espaços culturais internacionais, dentro daquilo que possa ser a política de programação do Museu Nacional de Soares dos Reis”, adiantou à Lusa António Ponte.
Em entrevista telefónica à agência Lusa, depois de conhecidos os resultados dos primeiros concursos internacionais para cargos de direção em museus e monumentos portugueses, em que António Ponte foi o candidato vencedor para dirigir o Soares dos Reis, o ainda diretor regional de Cultura do Norte afirmou ter recebido a notícia como uma “enorme honra” e uma “enormíssima responsabilidade”.
António Ponte disse à Lusa que quer desenvolver um conjunto das “exposições temporárias, cíclicas e anuais”, que vão permitir “trazer à luz do dia um conjunto de obras que estão em reserva” e que não estão em exposição de longa duração, nem na tradicional exposição permanente daquele museu.
“A ideia é criar novas leituras da coleção, reler a coleção, reler a coleção fruto de um pensamento contemporâneo, de procurar novas perspetivas dentro das obras que nós temos e temos uma enormíssima coleção que nos permite explorar diversos temas, ou mais contemporâneos ou mais clássicos”, declarou.
O plano de António Ponte é criar uma nova forma de ler as obras do museu, em conjunto com a Universidade do Porto — uma parceira que considera “essencial” –, mas também com o município do Porto, Casa da Música, Museu de Serralves, Cineclube do Porto, instituições sociais, escolas, entre outras.
António Ponte acredita que vai conseguir “ativar outros públicos que andarão, eventualmente, mais afastados do museu”.
A reabertura do museu, encerrado devido a obras de remodelação que arrancaram em 2019 e à atual situação pandémica, e a necessidade de o museu se “encontrar com o público” são as “grandes prioridades iniciais” para António Ponte.
“Esse reencontrar com o público será uma das nossas grandes prioridades iniciais, embora não possa adiantar neste momento datas [de reabertura do museu], e seria até uma irresponsabilidade e, eventualmente, até demagogia estar a dizer-lhe que vou abrir em maio ou em junho. Preciso de chegar […], fazer uma avaliação, ver o ponto de situação do processo, avaliar o processo e depois, sim, definir uma data de reabertura do museu”, explicou.
António Ponte, 50 anos, natural do Mindelo, Vila do Conde, no distrito do Porto, doutorou-se em Museologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 2014, com a apresentação da dissertação “O contributo dos museus do Norte de Portugal para uma dinamização do turismo cultural”, e vai tomar posse do cargo de diretor do Museu Nacional de Soares dos Reis no dia 01 de abril.
A Direção-Geral do Património Cultural anunciou esta quinta-feira os primeiros resultados dos concursos internacionais para cargos de direção em museus e monumentos nacionais, tendo António Ponte sido o candidato vencedor para a direção do Museu Nacional Soares dos Reis.
O Museu Nacional Soares dos Reis está instalado no Palácio dos Carrancas, na freguesia de Miragaia, da cidade do Porto e foi inaugurado em 1833 — há 188 anos –, quando Pedro IV decidiu estabelecer na cidade do Porto um museu de pinturas e estampa.
O MNSR é o primeiro museu público de arte do país e adquiriu o estatuto de museu nacional em 1932.
A coleção de pintura, em particular, é constituída por 2.500 objetos com datas do século XVI ao XX, destacando-se obras de Silva Porto, Marques de Oliveira, Henrique Pousão, Aurélia de Sousa e António Carneiro, entre outros.