A Altice avança, esta quinta-feira, com um programa de rescisões voluntárias em que as pessoas com mais de 55 anos têm prioridade. O Programa Pessoa abre portas a duas mil pessoas e a empresa espera a adesão de mil. O objetivo, diz João Zúquete da Silva, administrador (CCO) da Altice Portugal, em entrevista ao Diário de Notícias, é tornar a estrutura “mais ágil” e capaz de enfrentar um “ambiente macroeconómico e regulatório hostil”.
Se já em 2019 mais de 800 pessoas assinaram contratos de rescisões voluntárias com a Altice, está agora aberto um novo processo que a empresa garante ter condições “justas”, numa altura em que “o país e o mundo está a atravessar um dos piores contextos de que há memória”. Além do programa em causa, a Altice vai ainda criar outro sistema voluntário de rescisões amigáveis “em que o limite de idade não se coloca”. Mas, nesse caso, a empresa estima que “a adesão não seja tão significativa”.
“O setor das telecomunicações a ser pressionado do ponto de vista regulatório, inserido num ambiente conturbado e hostil com consequências imprevisíveis, e porque a gestão exige rigor e responsabilidade, torna-se imperativo atuar na transformação da empresa com vista à sua sustentabilidade”, explica o responsável, com o intuito de fazer mudanças na Altice que permitam uma empresa “mais ágil, mais eficiente e mais adaptada para fazer face a realidades cada vez mais complexas e difíceis”.
Mais, assegura o administrador, estas são “medidas que vão permitir à empresa continuar a crescer e reafirmar-se como líder”.
Esta é a segunda fase do Programa Pessoa, com os “mesmos princípios e em que são apresentados “mecanismos de participação voluntária, que dependem da vontade e da iniciativa do colaborador”. Podem sair até “dois mil colaboradores, de um total de perto de oito mil diretos e quase 20 mil indiretos”.
João Zúquete da Silva revela que, com a atual crise, houve “quebras de várias dezenas de milhões de euros, sem esquecer a redução do poder de compra dos portugueses”, um fator importante para o arranque desta segunda fase do Programa Pessoa, mas o responsável imputa responsabilidades às autoridades, apontando o dedo à Anacom e a AdC que, afirma, “têm assumido uma postura de ataque permanente e de grande hostilidade, com impactos gravíssimos no setor”.
A Altice admite ainda que estes programas voluntários podem sempre levar a perdas de know-how, mas são criados “mecanismos preventivos” que o evitem, nomeadamente com a contratação de jovens talentos ao longo dos últimos anos. Esta aposta na “aposta na formação, especialização, intensidade nas políticas de responsabilidade interna e o cirúrgico rejuvenescimento dos recursos humanos” são fatores “essenciais” para a empresa e que devem continuar a ter um papel relevante no futuro.
“Em 2020, em pleno contexto de pandemia, a Altice Portugal realizou 214 novas contratações, 70 estágios escolares e 125 estágios profissionais, um claro exemplo da aposta da empresa no rejuvenescimento do ativo humano e adaptação de perfis às novas tecnologias”, revelou o CCO da Altice.