Foram seis os sobreviventes. O lateral Alan Ruschel, o guarda-redes Jakson Follmann, o central Neto, a comissária de bordo Ximena Suárez, o jornalista Rafael Henzel e o técnico de voo Erwin Tumiri. O voo 2933 da LaMia caiu em novembro de 2016, na Colômbia, quando transportava a equipa da Chapecoense para Medellín, onde iria disputar a primeira mão da final da Taça Sul-Americana. Morreram 71 pessoas. Mais de quatro anos depois, um dos sobreviventes voltou a desafiar as possibilidades da vida.
Erwin Tumiri, o técnico de voo boliviano que escapou ao desastre da Chapecoense, voltou a escapar vivo a um enorme acidente. Esta terça-feira, Tumiri estava dentro de um autocarro que capotou e caiu num precipício com cerca de 150 metros de profundidade, na Bolívia. Morreram 21 pessoas — o técnico de voo sofreu algumas lesões num dos joelhos e arranhões nas costas, chegou a ficar internado no hospital por precaução mas saiu do acidente praticamente ileso.
Chapecoense. Sobrevivente relata últimos segundos antes do acidente
“Pessoalmente, eu sinto-me muito abençoado por Deus. Ele está sempre em minhas intenções, nos meus projetos”, disse Erwin Tumiri, em declarações à Agência EFE, onde também garantiu que passou a dar mais importância à famílias e aos amigos depois do desastre aéreo de 2016. “Desde o que aconteceu com o voo, vi que tenho bons amigos que estão sempre presentes. Valorizo todos eles”, acrescentou. O técnico de voo alcançou o sonho de regressar ao setor da aviação no passado mês de fevereiro — não tinha voltado a trabalhar na área desde o acidente — e o facto de estar no autocarro que capotou esta terça-feira está precisamente relacionado com o novo trabalho.
Tumiri foi aceite na Direção-Geral de Aviação Civil, um organismo estatal da Bolívia, e acabou destacado para a cidade de Chimoré, na zona central do Trópico de Cochabamba. Era para lá que o tripulante aéreo estava a ir quando o autocarro em que seguia acabou por capotar. “As mulheres começaram a gritar. Diziam: ‘Pare, pare!’. Muita gente começou a chorar, a maioria mulheres. Larguei o meu telemóvel, agarrei-me ao banco da frente e inclinei-me para trás”, revelou, acrescentando que o veículo seguia a uma velocidade “extremamente alta” e que sente “muita raiva” porque este não foi o primeiro acidente relacionado com a empresa responsável pelo autocarro em questão.
Erwin Tumiri garante ainda que pretende agora ajudar pessoas necessitadas, como os indígenas bolivianos que encontrou nas ruas de La Paz, a capital do país, enquanto estava desempregado. “Decidi que vou convidá-los para uma refeição com o meu primeiro salário. É assim que me sinto”, disse o técnico de voo.