Já tinha passado por Boca Juniors e Saint Étienne, conquistou a Liga Europa e foi tricampeão nacional entre dez títulos ganhos apenas em quatro anos no FC Porto, foi para a Serie A onde representou o Inter, assinou o contrato da carreira pelo Shanghai Shenhua onde venceu uma Taça. Fredy Guarín teve uma carreira de topo ao longo de uma década e meia, onde foi também presença constante na seleção da Colômbia. Em 2019 foi para o Brasil, onde representou o Vasco da Gama, e mudou-se um ano depois para os Millonarios. Com menos jogos realizados e uma menor influência nas equipas onde estava, iniciou em definitivo uma curva descendente no futebol. No entanto, e aos 34 anos, a parte desportiva é nesta altura o mais pequeno dos problemas do médio sul-americano.

O ex-internacional foi esta quinta-feira detido pela Polícia Metropolitana do Vale de Aburra, depois de os pais terem chamado de sua casa as autoridades acusando o filho de violência doméstica. Nos vídeos apanhados do momento, o jogador surge visivelmente alterado, com sangue nas mãos e nas calças, e fica em tronco nu durante a intervenção da polícia, a que resistiu tendo mesmo empurrado um dos agentes que estava a proceder à detenção.

“Recebemos uma chamada de denúncia de violência doméstica. Quando a polícia chegou ao local, encontrou, no interior de uma casa, pessoas feridas e um filho [Fredy Guarín] que lutava com os pais. Agimos de forma muito profissional, os pais pediram ajuda para que esta pessoa fosse conduzida conforme a lei. É um facto que queremos chamar a atenção aos colombianos e que diz respeito ao uso de substâncias que podem gerar dependência”, apontou Jorge Luis Vargas, diretor da Polícia Nacional, em conferência de imprensa.

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Segundo o jornal El Tiempo, o comportamento alterado de Guarín continuou até mesmo quando foi levado para o hospital, para tratar os ferimentos que apresentava. “Infelizmente teve um comportamento nada de acordo com o que devia e começou a agredir tanto verbalmente como fisicamente os polícias, o pessoal médico e enfermeiras. Tivemos mais uma vez de controlá-lo com o uso legítimo da força para que fosse atendido”, referiu Pablo Ruíz, comandante da Polícia de Valle de Aburrá, em declarações citadas pela publicação.

O médio tinha pedido dispensa ao atual clube, o Millonarios, por motivos pessoais, o que levou a que a imprensa colombiana levantasse a possibilidade de uma rescisão de contrato. “É com tristeza que lamentamos o que aconteceu. Todo o nosso apoio à família. Estaremos ao seu lado para que possa receber a ajuda profissional que o retire deste momento crítico”, destacou o clube em comunicado feito algumas horas depois da detenção.

Em 2019, na altura em que assinou pelo Vasco da Gama, a possibilidade de Fredy Guarín sofrer de uma depressão foi levantada, no seguimento da separação com a ex-mulher – mais tarde, e com algum peso a mais, essa seria também uma das justificações para a falta de rendimento no clube do Rio de Janeiro antes da saída para o Millonarios, que pode rescindir com o jogador mesmo mostrando o máximo apoio pela situação. “Nunca nos mostrou o que estava a acontecer. Estamos com o ser humano que conhecemos. Aqueles atos que hoje todos vimos… Conhecemos Fredy Guarín, pessoa que veio para o Millonarios com grande ilusão, grande expectativa. Esse é o Guarín que conhecemos e é esse Guarín a quem dizemos que tem o nosso total apoio. No domingo fez um treino espetacular, por isso estamos ainda mais surpreendidos. No dia seguinte ligou e disse que tinha um problema familiar e que não podia treinar. Até hoje não regressou”, comentou Alberto Gamero, técnico do Millonarios.