Obras emblemáticas dos coreógrafos Martha Graham e Kurt Jooss, um filme em estreia absoluta sobre a adaptação dos bailarinos à pandemia e mais um capítulo da história da dança, são as propostas da Companhia Nacional de bailado para abril e maio.

Depois de vários adiamentos de espetáculos, problema comum a todas as estruturas artísticas devido aos confinamentos provocados pela pandemia, a Companhia Nacional de Bailado (CNB), dirigida por Sofia Campos, retoma a temporada, avisando que, neste contexto, poderá ser sujeita a alterações.

O programa “Dançar em Tempo de Guerra”, que a CNB já tinha sido obrigada a suspender, após a estreia, em março de 2020, voltará ao palco em Lisboa, interpretado pelos seus bailarinos, entre 29 de abril e 7 de maio, no Teatro Camões, seguindo-se a apresentação no Porto, no Teatro Rivoli, a 28 e 29 de maio. Este programa reúne dois nomes maiores da história da dança — Martha Graham e Kurt Jooss — remetendo para a tragédia da guerra do início do século XX, e será acompanhado pela exposição do artista visual André Guedes.

Ambas as coreografias, criadas na década de 1930, refletem as inquietações dos autores sobre a ideia de guerra, constituindo a de Graham uma resposta ao violento crescimento do fascismo na Europa que viria a desencadear a II Guerra Mundial, enquanto Jooss trabalhou a partir dos efeitos da I Guerra Mundial. A coreografia “Chronicle”, da norte-americana Martha Graham, criada em 1936, é a primeira obra desta criadora integrada no repertório da CNB, enquanto “A Mesa Verde”, do alemão Kurt Jooss, de 1932, volta a ser dançada pela companhia 34 anos após a sua última apresentação, em Lisboa.

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No âmbito deste programa, a CNB convidou o artista visual André Guedes a conceber uma exposição para o foyer do Teatro Camões, a partir destas obras e do seu contexto político, social e cultural.

Para comemorar o Dia Mundial da Dança, a 29 de abril, a companhia abrirá as portas do Teatro Camões, em Lisboa, convidando o público a passar um dia diferente com atividades para todas as idades, dentro e fora de portas, com uma biblioteca itinerante de livros sobre dança, sessões de leitura, e uma conversa entre o escritor Gonçalo M. Tavares e a primeira bailarina Ana Lacerda.

A companhia marcará ainda presença em Almada, Aveiro, Évora e Leiria, através da realização de masterclasses para diferentes públicos, com Barbora Hruskova, Miguel Ramalho, Filipe Macedo, Isabel Galriça, Sílvia Santos e Susana Matos.

Nesse dia, a CNB também irá estrear o filme “Bow”, no Teatro Camões, que documenta como a companhia se tem adaptado às mudanças e incertezas impostas pela pandemia, realizado e dirigido por Paul E. Visser, com música original de Tiago Perestrelo, e guião de Paul E. Visser, em colaboração com Sofia Campos, e a participação da equipa da CNB, numa produção conjunta da companhia com os Valentijn Studios, em coprodução com a RTP.

Entre 15 e 30 de maio, a CNB irá apresentar o terceiro capítulo do programa “Planeta Dança — Uma história da dança em capítulos”, no Teatro Camões, da coreógrafa Sonia Baptista, com espaço cénico de Carlos Bártolo. Nesta terceira parte, a viagem pela história da dança vai até ao século XVII, à corte francesa do rei Luís XIV, onde as fundações da dança clássica, como a conhecemos hoje, se começam a desenhar, funcionando, em sociedade, como entretenimento, expressão de poder e registo da memória coletiva.

Ao longo de 2021, a CNB vai ainda continuar com o “Programa de Aproximação à Dança”, para desenvolver projetos de mediação na comunidade, ensaios abertos e as aulas públicas dos bailarinos, e desenvolver, durante o trimestre, duas novas atividades sobre o conhecimento da dança.

Apresentará ainda novas séries de “Outras Danças”, uma coleção digital em que são reunidos testemunhos sobre obras apresentadas pela companhia, criadores e intérpretes, como o coreógrafo Mehmet Balkan, e os bailarinos principais da CNB Cristina Maciel, Guilherme Dias e Alexandre Fernandes.

A programação integra ainda um novo curso teórico, “Em termos da dança”, orientado pela professora Maria José Fazenda, dedicado à criação, transmissão e pensamento sobre a dança como arte de criação do movimento.