O georgiano Varlam Liparteliani, líder do ranking mundial da categoria, estava lá. O israelita Peter Paltchik, número 2, também. O holandês Michael Korrel, terceiro da hierarquia, idem. O russo Niiaz Iliasov, quinto do ranking, igualmente. E o azeri Zelym Kotsoiev, número 9, claro (e este hiato surge por haver depois o sul-coreano Guham Cho, o japonês Aaron Wolf e o canadiano Shady Elnahas). Todos os europeus de topo nos -100kg estavam presentes na Altice Arena e era preciso ir até ao russo Arman Adamian, décimo da categoria que foi campeão europeu em 2019, para encontrar uma “baixa”. Este era o cenário de Jorge Fonseca, quarto melhor do mundo.
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Um pouco à semelhança da categoria de -81kg, onde Anri Edutidze não era favorito mas ficou a um triunfo das medalhas após bater o campeão olímpico e o campeão mundial em título, era nos -100kg que se esperava uma das lutas mais disputadas pelo pódio, com o português de 28 anos, campeão mundial em 2019 e vice-campeão europeu no ano passado, a tentar contribuir para a Seleção no mínimo igualar as quatro medalhas conseguidas em 2008, quando organizou também o Europeu no então Pavilhão Atlântico, em Lisboa. No entanto, a tarefa não se adivinhava fácil, apesar de um primeiro combate na teoria mais acessível para o judoca do Sporting. E o português não conseguiu mesmo repetir a prata do ano passado, acabando na sétima posição.
Jorge Fonseca começou por defrontar o grego Georgios Malliaropoulos, 110.º do ranking, numa fase de grupos onde poderia ter pela frente adversários complicados como o russo Niiaz Iliasov ou estónio Grigori Minaskin. E começou da melhor forma, derrotando por ippon o helénico e superando também Minaskin por penalizações. No entanto, no combate de acesso às meias-finais, Fonseca perdeu com Iliasov, atleta que tinha derrotado na final do Campeonato do Mundo de 2019, também por ippon, caindo assim nas repescagens.
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Aí, no primeiro combate de acesso à atribuição das medalhas de bronze, o judoca do Sporting acabou por perder no golden score por waza-ari frente ao francês Alexandre Iddir, 13.º do ranking, ficando no sétimo lugar.
“Não sei o que se passou mas aquilo para mim não é pontuação. Foi bem claro que eu não caí. Infelizmente, o árbitro quis decidir o combate assim, pela sua livre vontade. Saio daqui com a maior frustração porque trabalhei bastante para esta competição. O objetivo era ganhar e tenho tudo para ganhar esta competição. Tenho um grande sonho e sinto que pequenos erros custam muito caro. Sou campeão do mundo e vou continuar a sê-lo. Infelizmente, o árbitro lixou-me o dia, que não correu da melhor forma possível, mas errei como todos os seres humanos. Só vivo de glória, não vivo de quintos e sétimos lugares. Para mim, não me faz efeitos secundários nenhuns. Isso não é a minha pessoa, não é para isso que eu treino. Hoje, não consegui viver a glória, estou desiludido comigo mesmo, mas agora vou trabalhar para os próximos grandes objetivos”, comentou no final da eliminação Jorge Fonseca à agência Lusa, colocando em causa a decisão do VAR no combate.
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Toma Nikiforov, belga que ocupa o 20.º lugar do ranking e que já tinha sido campeão europeu em 2018, ganhou a categoria de -100kg, batendo na final Varlam Liparteliani. As medalhas de bronze ficaram para Zelym Kotsoiev (ganhou na decisão a Niiaz Iliasov) e para Alexandre Iddir (venceu Ilia Sulamanidze).