Cerca de um mês depois de terem sido revelados os candidatos ao International Booker Prize, foram divulgados esta quinta-feira à tarde os seis finalistas à edição de 2021 do prémio de ficção traduzida. O anúncio foi feito através das redes sociais dos prémios Booker. Entre os nomeados contam-se Éric Vuillard, autor do livro mais pequeno da shortlist, The War of the Poor, com cerca de 80 páginas. O francês, autor de obras como Ordem do Dia, vencedor do Goncourt em 2017, é um dos nomes mais conhecidos a concurso.

À segunda fase passou também In Memory of Memory, a estreia em inglês de Maria Stepanova, considerada uma das mais relevantes escritoras russas da atualidade, e When We Cease to Understand the World, do chileno Benjamín Labatut, publicado em Portugal pela Elsinore com o título Um Terrível Verdor.

The Employees, sobre um grupo de trabalhadores a bordo de uma nave espacial, da importante romancista dinamarquesa Olga Ravn, passou igualmente à shortlist, juntamente com At Night All Blood is Black, centrado na história de dois senegaleses que lutam por França na Primeira Guerra Mundial, de David Diop, e The Dangers of Smoking in Bed, um livro da argentina Mariana Enríquez que tem a Argentina contemporânea como pano de fundo.

[Veja aqui o que os jurados têm a dizer sobre os seis finalistas ao International Booker Prize de 2021:]

A shortlist completa é a seguinte:

  1. At Night All Blood is Black, de David Diop. Traduzido do francês Anna Mocschovakis (Pushkin Press);
  2. The Dangers of Smoking in Bed, de Mariana Enríquez. Traduzido do espanhol por Megan McDowell (Granta Books);
  3. When We Cease to Understand the World, de Benjamín Labatut. Traduzido do espanhol por Adrian Nathan West (Pushkin Press);
  4. The Employees, de Olga Ravn. Traduzido do dinamarquês por Martin Aitken (Lolli Editions);
  5. In Memory of Memory, de Maria Stepanova. Traduzido do russo por Sasha Dugdale (Fitzcarraldo Editions);
  6. The War of the Poor, de Éric Vuillard. Traduzido do francês por Mark Polizzotti (Pan Macmillan, Picador).

A longlist de 13 romances foi anunciada a 30 de março. A lista, composta por obras em 11 línguas, como o chinês, o georgiano ou o árabe, escritas por autores originários de 12 países distintos, incluiu pela primeira vez um romance escrito numa língua indígena africana, a língua quicuio do Quénia, The Perfect Nine: The Epic Gikuyuand Mumbi, escrito e traduzido pelo queniano Ngũgĩ wa Thiong’o, candidato de longa data ao Nobel da Literatura. The Perfect Nine foi um dos trabalhos que não passou à segunda fase do galardão, que deixou também de lado autores como a chinesa Can Xue, que já tinha sido nomeada em 2019.

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Na altura, a presidente do júri do International Booker de 2021, a historiadora Lucy Hughes-Hallett, apontou “a migração, a dor provocada por esta, mas também a interconexão frutífera do mundo moderno” como tema comum aos romances selecionados, afirmando que “os autores atravessam fronteiras, e também os livros, recusando-se a manter-se rigidamente separados em categorias”. “Graças a estes livros maravilhosos e aos seus tradutores, foi-nos dada a liberdade de explorar o mundo. Esperamos que este prémio inspire muitos leitores a seguirem o nosso exemplo”, apelou.

Revelada “longlist” de nomeados para o International Booker Prize de 2021

Além de Lucy Hughes-Hallett, o júri é este ano composto por a jornalista e escritora Aida Edemariam; o escritor Neel Mukherjee, nomeado para o Booker Prize em 2014, com The Lives of Others; a professora de História da Escravatura Olivette Otele; e pelo poeta, tradutor e biógrafo George Szirtes.

O International Booker Prize é atribuído todos os anos a um obra de ficção traduzida para inglês e publicada no Reino Unido ou Irlanda. Foi criado em 2005 para incentivar a publicação e leitura no Reino Unido de ficção internacional de qualidade e promover o trabalho de tradução. Tem um valor pecuniário de 50 mil libras (quase 56 mil euros), que é dividido em partes iguais pelo autor e tradutor. Os autores e tradutores nomeados para a shortlist recebem mil libras (1.113 euros).

No ano passado, o prémio foi para Marieke Lucas Rijneveld, dos Países Baixos, por The Discomfort of Evening. O vencedor de 2021 será revelado a 2 de junho.