Os ânimos mais exaltados nos camarotes do Estádio Municipal de Braga durante o jogo entre os minhotos e o Sporting tinham sido percetíveis até na própria transmissão televisiva do encontro. A presença de um polícia no local onde Rúben Amorim assistiu à partida tinha sido confirmada pelo próprio na conferência de imprensa onde explicou que foi chamado à atenção por não estar a utilizar a máscara. A tentativa de invasão do camarote onde estava a Next, o canal online dos arsenalistas, por parte de Hugo Viana tinha sido também abordada por alguns responsáveis do clube da casa. No dia seguinte, a primeira explicação surgiu vindo do Minho. 

O pedido de Amorim: “É uma prova para toda a gente do Sporting. Sei que estão a sofrer, compreendo, mas tem de ser jogo a jogo…”

Em declarações ao jornal O Jogo, António Caldas, treinador de 61 anos que passou pelo comando técnico do Sp. Braga em 2007/08 depois de vários anos nos quadros do clube como treinador da equipa B e que é hoje um dos comentadores da Next, detalhou todos os momentos de maior tensão durante a partida, assumindo que foi Rúben Amorim que teve a primeira abordagem mas que foi Hugo Viana o mais exaltado no meio da confusão.

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“Fiquei estupefacto com a atitude do Hugo Viana e também com o Rúben Amorim, pelas palavras que me dirigiu. Estava a assistir ao jogo no local onde costumo fazer comentários para a Next e, a determinada altura, há uma falta do Sporting, com o árbitro a demorar a apitar. Só apitou quando o banco do Sp. Braga se manifestou e então comentei isto: ‘Só marcas falta com o grito’. Estando o estádio sem público, tudo de se ouve e então o Rúben Amorim, olhando para o chão, começou a dizer ‘Cala a boca’ mas virado para o camarote onde eu me encontrava. Quando perguntei por que razão me estava a mandar calar, o Hugo Viana começou a mandar-me para o c******, a ofender-me, desafiando-me para um confronto físico no corredor. Fui insultado e ameaçado de longe, a uns 15 metros, mas eles estavam no camarote ao lado do da Next”, começou por contar.

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“Perguntei qual era o problema e aí o Rúben Amorim começou a dizer que ele [Hugo Viana] fez mais do que eu no Sp. Braga, assim sem nexo e com o jogo a decorrer. Estava completamente desligado do jogo. O Hugo ainda tentou sair dos camarotes e provavelmente alguém o impediu. Mantive-me sereno, no meu lugar, e ao intervalo avisam-me que o Hugo vinha na minha direção. Ainda perguntei: ‘Hugo, qual Hugo?’ Naquele momento, aparece ele, aproxima-se da nossa mesa de trabalho e então coloco-lhe a mão no peito e pergunto-lhe: ‘O que se passa contigo, sentes-te bem?’ Ele só me dizia: ‘Não me toques’. Acho que me reconheceu e quebrou. Entretanto, os seguranças começaram a levá-lo. Antes do intervalo, o Hugo Viana chamou-me de cobarde. Disse isto: ‘Ó cobarde, quero ver se ao intervalo vens ter comigo’. Depois chamou-me de boneco. Dizia: ‘Ó boneco, cala a boca’. Os insultos foram só da parte do Hugo Viana, o Rúben Amorim foi o primeiro a começar mas só me disse para calar a boca e que o Viana tinha feito mais do que eu pelo clube”, acrescentou, explicando ainda a presença da polícia.

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“Estavam completamente fora de si, transtornados. Somos pessoas do futebol mas não pode valer tudo. Tem de haver respeito, até porque são pessoas com responsabilidades. Sempre respeitei o Hugo Viana como pessoa. Era humilde e sempre foi muito educado quando nos cruzávamos. Provavelmente ele não sabia quem estava no camarote da Next. Estava tão violento do outro lado, dizia-me que ia fazer isto e aquilo, e depois não teve coragem de fazer nada quando por fim se aproximou de mim. Os responsáveis da Next chamaram a polícia e eu transmiti-lhes tudo isto. Pelo que ouvi, não tiveram que identificar o Hugo Viana porque ele já estava na ficha de jogo”, contou, encerrando o assunto mostrando a tristeza pela atitude do diretor desportivo dos leões.

Desvalorizo este episódio, nem quero que o Hugo Viana ou outras pessoas peçam desculpa. Mas está guardado. O Hugo Viana mudou completamente, desiludiu-me. Nunca imaginei vê-lo tão alterado e ofensivo. Não fazia o feitio dele. Aceito que estivesse pressionado mas não posso aceitar as ofensas dele. Que tenha a toda a sorte do mundo mas a minha ideia sobre ele mudou. Não vou avançar com nenhuma queixa crime. Só ficou na minha cabeça este episódio e o que me desiludiu o Hugo Viana”, concluiu, em declarações ao jornal O Jogo.