“Aceita que o/a [nome da app] rastreie a sua atividade noutras aplicações de outras empresas e websites?” [em inglês, “Allow ‘app’ to track your activity across other copanies’ apps and websites?”]. É com esta simples pergunta que a versão mais recente do sistema operativo do iPhone pode mudar a forma como as empresa guardam os seus dados. A esta questão, que foi contestada pelo Facebook, o utilizador apenas responder se deixa que a app recolha dados ou, então, “pedir à aplicação para não fazer nenhum rastreio”. O que acontece depois? Os seus dados ficam mais privados, espera-se.

A pergunta, em inglês, que o iOS vai mostrar aos utilizadores relativamente a aplicações que recolhem dados pessoais

Como a empresa explica em comunicado, o novo iOS 14.5, à semelhança de outras atualizações de software, traz outras novidades. Sejam tons de pele diferentes para emojis ou vozes diferentes para a Siri, não é só a privacidade que tem alterações. Porém, é a principal alteração. Como explica a Apple num vídeo de apresentação do novo mecanismo, esta é “uma opção que dá uma escolha aos utilizadores”.

De acordo com a empresa norte-americana sediada em Cupertino, na Califórnia, as aplicações podem recolher dados como a data de nascimento ou saber onde andam os utilizadores. Isto para, quando “se passa por uma loja, esta possa oferecer descontos”, explica a Apple. No entanto, a empresa demonstra o problema que já é sabido: “Há apps que recolhem mais do que precisam e partilham-no com anunciantes e agregadores de dados pessoais”. “Recolhem milhares de pedaços de informação sobre si e criam um perfil digital que vendem a terceiros“, explica a empresa.

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A Apple explica ainda que a “Transparência de Rastreio de Aplicações” [App Tracking Transparency, nome dado à ferramenta] exige que as apps obtenham a permissão do utilizador antes de rastrear os seus dados em aplicações”. Porém, se o utilizador não se importar de ceder a informação, pode sempre “alterar nas configurações” noutra altura. Ou seja, o controlo passa a ser um pouco mais de quem usa os iPhone.

Como uma pergunta atormenta Mark Zuckerberg

Tudo isto pode parecer pouco. Porém, está a gerar alvoroço, principalmente por parte do Facebook, liderado por Mark Zuckerberg. Como explicam jornais como o The Verge, este novo mecanismo “muda as regras do jogo”. Se um utilizador permite que os dados sejam utilizados, nada muda. Agora, se não permitir, as apps deixam de poder usar os dados que recolheram, e isso terá custos e até pode levar a que a aplicação seja banida do iOS

O Facebook alega que a “App Tracking Transparency” vai prejudicar os negócios mais pequenos. O argumento da rede social é que, ao não poder recolher dados e cruzá-los com os de outras aplicações, deixa de poder dar um serviço eficiente às pequenas empresas que utilizam as suas plataformas para fazer publicidade. Ou seja, como a maioria das empresas já utiliza o Facebook, a empresa acaba por não perder lucros. Não obstante, os pequenos negócios que querem aproveitar estes mecanismos, como a localização, deixam de ter propaganda tão eficiente, defende o Facebook.

Obviamente, como em tudo, as alegações do Facebook têm tido apoiantes e pessoas que as contrariam e afirmam que Zuckerberg apenas quer proteger a sua empresa, que depende dos dados que recolhe para ter lucros. Como noticiou o The New York Times, a questão está a separar Zuckerberg e Tim Cook, o presidente executivo da Apple. Irá a ferramenta do novo iOS funcionar? Isso, ainda não se sabe, mas, se tiver um iPhone, vai começar a ver esta pergunta.