A exposição “Radar Veneza” é uma “viagem reflexiva” dos últimos 46 anos da participação portuguesa na Bienal de Veneza e abre ao público no sábado na Casa da Arquitetura, em Matosinhos.

“Trata-se de uma representação de uma época da democracia. Estamos a falar de 1975 à atualidade. É um olhar bastante interessante sobre como Portugal se fez representar numa área que é a arquitetura e que é, talvez, a área do conhecimento que [mais bem] tem representado Portugal no estrangeiro”, disse o diretor executivo da Casa da Arquitetura, Nuno Sampaio, durante a conferência de imprensa para apresentar a exposição.

Na exposição “Radar Veneza”, o visitante pode apreciar 78 metros de cronologia colaborativa ilustrada e anotada, 24 desenhos levantados em estruturas metálicas, 120 imagens ilustrativas e 32 entrevistas a arquitetos que participaram nas bienais de Veneza, como por exemplo, Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto Moura, Ana Neiva, Cláudia Neiva, João Onofre, Rui Furtado e Susana Ventura, entre outros.

A mostra, que fica patente ao público até dia 10 de outubro, vai ter um programa paralelo com três debates entre junho e setembro, sob os temas “Representação e Diplomacia”, “Memória e Arquivo” e “Seleção e Financiamento”.

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Do programa paralelo constam ainda visitas guiadas pelos dois curadores da exposição, Joaquim Moreno e Alexandra Areia, e visitas por convidados de cada sessão, bem como o lançamento do catálogo “Radar Veneza”.

“Esta exposição faz, naturalmente, um olhar crítico sobre o passado, mas também ao longo dos debates é uma oportunidade que Portugal tem de poder pensar como se representa, como se faz representar e como o que temos de melhor se faz notar no mundo”, referiu Nuno Sampaio, acrescentando que a exposição é “uma reflexão” e não uma mera “representação do espólio” que Direção-Geral das Artes depositou na Casa da Arquitetura.

Para o responsável da Casa da Arquitetura, a exposição “Radar em Veneza” é um olhar para a arquitetura portuguesa neste período de 46 anos, mas também é um olhar de como é que “Portugal se fez representar lá fora”.

Segundo Joaquim Moreno, um dos curadores da “Radar Veneza”, a exposição é composta por três momentos, a começar pela “Encenação” de uma vizinhança espacial dos eventos efémeros que se sucederam em Veneza, composta por 24 suportes expositivos de tamanhos variáveis.

“Cronologia colaborativa ilustrada e anotada” é outro dos momentos e trata-se do “fio condutor e delineador do percurso”, onde se podem ver, por exemplo, circunstâncias específicas de cada representação nacional na Bienal de Veneza, a ficha técnica ou os protagonistas.

O terceiro momento da exposição é sobre a “história oral”, com projeções dedicadas à receção mediática daqueles eventos, onde se podem escutar testemunhos reais das memórias dos protagonistas, através de entrevistas.

A exposição é gratuita no fim de semana de 08 e 09 de maio, passando depois a ter um custo de oito euros.

Esta “viagem reflexiva” de “longo curso” sobre a presença portuguesa em Veneza termina no dia 10 de outubro e resulta de uma parceria entre o Estado Português e a Casa da Arquitetura, enquanto Centro Português de Arquitetura.

A Casa da Arquitetura vai “continuar a ser o destino dos acervos da presença portuguesa naquele que é considerado o maior festival contemporâneo de cultura do mundo”, refere Nuno Sampaio, exprimindo “alegria” por se poder voltar às “exposições físicas” à “volta da arquitetura num período de pandemia e com os constrangimentos que obriga”.