Museus de todo o país vão celebrar sábado a Noite dos Museus e o seu dia internacional a 18 de maio, com mais de 400 atividades, sob o tema da recuperação e reimaginação num mundo afetado pela pandemia.
Setenta entidades de 38 concelhos do continente e arquipélagos dos Açores e Madeira responderam ao convite da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), que todos os anos desafia os museus nacionais e da rede portuguesa a criar programações especiais para estas datas, este ano com uma oferta presencial e online.
Visitas guiadas e temáticas a exposições, às reservas de alguns museus, espetáculos de teatro, dança, circo e música, workshops, palestras, entre outras iniciativas, na maioria gratuitas, para todos os públicos, integram um programa geral que pode ser consultado no site da DGPC.
No quadro das celebrações, a DGPC vai lançar, nos dias 17 e 18 de maio, a campanha “O Meu Museu”, com o objetivo de, nos próximos três anos, reaproximar e abrir os museus, monumentos e palácios a novos públicos em Portugal, “utilizando a arte e a inovação para dar nova vida aos museus locais”, segundo o organismo do Ministério da Cultura. A campanha, feira em parceria com o estúdio criativo Manicómio the Agência, e enquadrada no Dia Internacional dos Museus, vai ter duas ações de rua, em Évora e Viseu.
Depois da ausência, em 2020, devido à pandemia, a Noite Europeia Dos Museus – iniciativa criada em 2005 pelo Ministério francês da Cultura, e adotada por vários países — celebra-se no sábado, com múltiplas atividades, desafiando os visitantes a usufruírem de uma experiência cultural em período noturno. Em Lisboa, no Museu Nacional do Traje, a Noite dos Museus celebra-se com “Histórias de um espelho mágico”, entre as 18h e as 19h, num atelier que ensina a criar joias para a personagem Alice no País das Maravilhas, e enfeitar o Chapeleiro Louco com coloridos botões.
Também na capital, no Palácio Nacional da Ajuda, decorrerão visitas guiadas e temáticas entre as 18h e as 20h, para dar a conhecer, ao longo do percurso do museu, algumas das suas peças e espaços de eleição, nomeadamente vidros da Boémia da rainha Maria Pia, sedas, lacas, armaduras e tapeçarias. No sábado e no dia 18 de maio, a Torre de Belém permanecerá encerrada, para uma ação de valorização patrimonial, segundo a DGPC.
Em Vila Franca de Xira, no Museu do Neorrealismo, decorrerão workshops sobre “Desconstruir uma Obra de Arte”, entre as 15h e as 21h, e uma visita-oficina no âmbito da exposição “Representações do Povo”. Em Guimarães, no Paço dos Duques, haverá visitas livres nesse dia, das 18h às 22h30, com recurso às novas tecnologias para conhecer as salas e o seu acervo
No Porto, com a reabertura do Museu Nacional de Soares dos Reis, haverá visitas orientadas, entre as 18h e as 22h30, às exposições temporárias “A Índia em Portugal — um tempo de confluências artísticas”, “José Régio [Re]Visitações à Torre de Marfim” e “Depositorium… 1”. Nesta celebração simbólica, às 20h atuará o grupo Saxophone Ensemble Vento do Norte.
Em Faro, no Museu Municipal, serão realizadas visitas guiadas e temáticas à exposição “Trinta e Sete”, entre as 16h e as 17h, com uma conversa com a artista Susana de Medeiros sobre o processo criativo que deu origem às peças da exposição, enquanto nos Açores, em Ponta Delgada, o Museu Carlos Machado celebra a data com a iniciativa “Desenhar no escuro com os Urban Sketchers”, entre as 21h e as 22h30, numa visita guiada ao circuito de história natural.
Quanto ao Dia Internacional dos Museus, celebrado a 18 de maio, vai centrar-se nos desafios de recuperação e reinvenção destes espaços face à crise provocada pela pandemia de Covid-19, de acordo com o tema escolhido pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM), visando promover, junto da sociedade, uma reflexão sobre o papel dos museus no seu desenvolvimento.
No âmbito das celebrações desta data, o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, irá inaugurar uma nova exposição temporária, intitulada “A Coleção Utópica. O Museu do Caramulo vem ao MNAA”, com uma seleção de obras do Museu do Caramulo – Fundação Abel e João de Lacerda, que viaja até Lisboa e instala-se na Sala dos Passos Perdidos deste museu da capital, até 26 de setembro.
Também na capital, o Museu Nacional de História Natural e da Ciência terá visitas guiadas e temáticas, entre as 15h30 e as 16h30, à exposição de minerais com mostra de exemplares das reservas, acompanhada da conversa “Como reimaginar o museu?”, e estarão abertas visitas livres à coleção do Museu Nacional dos Coches – Novo Edifício, entre as 10h e as 18h.
Por seu turno, o Museu Coleção Berardo preparou uma programação especial gratuita, com entrada livre no fim de semana e no dia 18 de maio, e atividades para todos os públicos, relacionadas com as cinco exposições patentes, de entre as quais as três temporárias “Dar corpo ao vazio”, de Cristina Ataíde, “Prémio A Arte Chegou ao Colombo. Exposição de Finalistas”, que encerra no dia 23, e “Constelações III: uma coreografia de gestos mínimos”.
Nos museus da Fundação Calouste Gulbenkian, também na capital, um dos pontos altos das celebrações será a reabertura da Sala Lalique ao público e o lançamento do catálogo digital que reúne toda a memória das exposições de arte da Fundação Gulbenkian realizadas entre 1957 e 2016, um projeto que a entidade diz ser pioneiro, envolvendo o estudo, digitalização e inventariação da atividade expositiva ao longo de quase seis décadas.
No Museu Municipal de Loures, também vão acontecer visitas guiadas e temáticas sob o tema “Quando Nós Somos os Outros. Visita à exposição, guiada pela mão de quem lhe deu corpo…”, às 17h, enquanto em Sintra, dá-se a reabertura do NewsMuseum e do Sintra Mitos e Lendas Centro Interativo, às 10h, com a apresentação de novos conteúdos e experiências para os mais jovens.
Em Coimbra, no Museu Nacional Machado de Castro, terá lugar, entre as 14h e as 17h, a iniciativa “Conservação e restauro – Os objetos e o tempo”, uma ação de Conservação e restauro de um grupo de peças em espaço acessível, e em articulação com os públicos. Na Casa de Camilo Castelo Branco, em São Miguel de Seide, concelho de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, decorrerá a oficina “ReImaginar O Amor de Perdição”, às 10h, na qual o público será questionado sobre como se chegam a criar as histórias dos livros, teatro e cinema.
Também no distrito de Braga, mas em Guimarães, o dia 18 de maio será comemorado com entradas gratuitas nas recém-inauguradas exposições do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), ao longo de todo o dia, visitas orientadas às mesmas pelas 10h, 11h e 14h30 e a oficina de artes plásticas “Sorte ao Desenho, Desenho à Sorte” às 16h, atividades com participação igualmente gratuita.
Nos Açores, no Museu do Pico/Museu do Vinho, decorrem visitas de alunos da Universidade Sénior local, no âmbito da atividade “Do Dragoeiro ao Terreiro – uma Folga no Museu do Vinho”, entre as 14h e as 17h.
O ICOM, que promove as comemorações do Dia Internacional dos Museus desde 1977, para reforçar os laços dos museus com a sociedade, recorda na página online, que em 2020, “o setor da cultura foi um dos mais afetados”, e os museus, em particular, estão a sofrer “sérias repercussões” económicas, sociais e psicológicas. Em Portugal, como noutros países, as medidas de contenção da pandemia obrigaram ao encerramento dos espaços culturais, e os cerca de 660 museus sentiram, em 2020, uma quebra de 70% a 80% nos visitantes e, consequentemente, da mesma ordem nas receitas.
Dados do ICOM indicam que os museus europeus perderam entre 25% e 75% dos visitantes, com 10% em situação de lay-off, enquanto sete em cada dez esperam cortes nos orçamentos nos próximos anos devido ao impacto destrutivo da pandemia. No entanto, sublinha o ICOM, “a crise também serviu como um catalisador para inovações cruciais que já estavam em curso, nomeadamente na digitalização, criação de novas formas de experiências culturais e comunicação”.
Em 2020, mesmo com as limitações da pandemia, que impuseram a realização de atividades em plataformas digitais, o ICOM afirma que essas envolveram mais de 83 milhões de pessoas nas redes sociais, só no dia 18 de maio. Nesse ano, devido às restrições sanitárias exigidas pelas autoridades para conter a pandemia, todos os museus e monumentos foram encerrados ao público, em Portugal, no dia 14 de março e reabriram exatamente no dia 18 de maio, Dia Internacional dos Museus.
Desde 15 de janeiro deste ano que os espaços culturais voltaram a encerrar devido ao confinamento decretado pelo Governo para conter a propagação do vírus Covid-19, tendo os museus, monumentos, palácios e galerias de arte reaberto a 5 de abril. Os museus, palácios e monumentos nacionais do país receberam 26.223 visitantes nas três primeiras semanas, desde a reabertura ao público, no dia 05 de abril, segundo os dados revelados pela DGPC na quarta-feira.