A petrolífera brasileira Petrobras obteve no primeiro trimestre do ano um lucro líquido de 1,16 mil milhões de reais (180 milhões de euros), depois de no período homólogo do ano passado ter registado perdas de 7,57 mil milhões de euros.
Apesar de a petrolífera brasileira ter ultrapasado as perdas recordes dos primeiros três meses de 2020, o grupo não conseguiu continuar a têndencia trimestral de crescimento: O lucro nos três primeiros meses deste ano foi 98,1% inferior ao do último trimestre de 2020, quando a empresa alcançou um lucro recorde de 59,89 mil milhões de reais (9,34 mil milhões de euros), de acordo com o balanço financeiro enviado na quinta-feira aos acionistas.
A estatal petrolífera, maior empresa do Brasil, atribuiu, ainda assim, o bom resultado do primeiro trimestre à subida do preço médio do petróleo do tipo Brent no mercado internacional, até 60,9 dólares o barril (50,44 euros), valor 37,7% superior ao dos três primeiros meses de 2020 e 21,2% maior face ao último trimestre do ano passado.
De acordo com o comunicado divulgado pela empresa, a queda na faturação em relação ao último trimestre do ano passado foi causada pelo impacto da desvalorização do real frente ao dólar no resultado financeiro.
De acordo com o balanço, as vendas de combustíveis da Petrobras no mercado interno cresceram 15,5% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, e as exportações 13,6%, com a China a ser o principal destino e com uma participação de 56% nos embarques para o exterior.
A subida dos preços do petróleo e o aumento das vendas permitiram à empresa, que é controlada pelo Estado, mas tem ações negociadas nas bolsas de valores de São Paulo, Nova Iorque e Madrid, reverter a queda de 6% na sua produção, de até 2,45 milhões de barris diários no primeiro trimestre deste ano.
A subida da cotação do petróleo bruto e o aumento das vendas de combustíveis elevaram a faturação da empresa em 14,2% face aos primeiros três meses de 2020, para 86,17 mil milhões de reais (13,44 mil milhões euros) entre janeiro e março.
O aumento da faturação permitiu que o resultado bruto de exploração aumentasse 30,5% em relação ao mesmo período do ano passado, para 48,9 mil milhões de reais (7,73 mil milhões de euros), e 4,1% na comparação com o último trimestre de 2020.
“Os números demonstram a capacidade da nossa equipa em gerar resultados sustentáveis para os investidores e para a sociedade em geral, mesmo num contexto desafiador”, disse o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, numa mensagem aos acionistas.
Silva e Luna, um general da reserva do Exército que assumiu o comando da maior empresa brasileira no mês passado, expressou o seu compromisso com os resultados financeiros da petrolífera.
“A Petrobras manterá a trajetória de geração de valor para os seus acionistas com uma gestão baseada na transparência, no diálogo e na racionalidade, e com investimentos concentrados em ativos nos quais somos reconhecidos como líderes mundiais”, afirmou.
Nos últimos anos, a estatal concentrou os seus investimentos nas gigantescas reservas do pré-sal, um horizonte de exploração em águas muito profundas do Oceano Atlântico, que poderá tornar o Brasil um dos maiores exportadores de petróleo do mundo, e aprofundou um plano para vender ativos menos lucrativos, como refinarias.
O plano de desinvestimento permitiu que a dívida bruta da empresa caísse 20,5% num ano, de 89,2 mil milhões de dólares em março do ano passado para 70,9 mil milhões de dólares em março deste ano (de 73,87 mil milhões de euros para 58,72 mil milhões de euros).