A Global Media e a Páginas Civilizadas (grupo Bel), acionistas da Lusa, repudiaram esta segunda-feira “vivamente” a notícia da agência que identificava a deputada socialista Romualda Fernandes “de forma contrária aos valores democráticos e princípios éticos“.
A Direção de Informação (DI) da Lusa divulgou, ao início da madrugada de sexta-feira (14 de maio), uma nota aos clientes a lamentar “profundamente” a difusão de uma notícia na qual a deputada do PS foi identificada “de modo inaceitável, contra todas as regras éticas e profissionais constantes do Código Deontológico dos Jornalistas e do Livro de Estilo da Lusa”.
Esta segunda-feira, em comunicado, “a Global Media Group e a Páginas Civilizadas enquanto acionistas da agência Lusa repudiam vivamente a notícia da agência Lusa, entretanto corrigida, na qual se identificava a deputada socialista Romualda Fernandes de forma contrária aos valores democráticos e aos princípios éticos em vigor nas nossas empresas“. Acrescenta ainda que “o acionista distancia-se de todo e qualquer discurso discriminatório“.
Deputada Romualda Fernandes sobre notícia da Lusa. “Não foi um lapso, nem um erro”
A DI da Lusa comunicou ainda que “tendo em vista o dano moral e reputacional provocado na imagem da agência, instaurou um processo de averiguações ao jornalista, a fim de apurar as circunstâncias em que a notícia foi elaborada” e apresentou “as suas desculpas à deputada, ao Partido Socialista” e a “todos os clientes e leitores” da agência.
Também na sexta-feira, o presidente do Conselho de Administração da Lusa, Nicolau Santos, pediu desculpas à deputada Romualda Fernandes e ao grupo parlamentar do PS pela divulgação da notícia pela agência, defendendo que há que “responsabilizar quem deve ser responsabilizado, sancionar quem tem de ser sancionado”.
A Lusa “colocou na linha uma notícia sobre a Comissão de Revisão Constitucional que atinge os mais sagrados valores da agência, a do respeito pela dignidade humana e pela não discriminação de qualquer pessoa pela sua raça, sexo ou religião”, começou por sublinhar, em comunicado, o presidente.
O que aconteceu é gravíssimo, violando o Código Deontológico dos Jornalistas e o código de conduta da agência, colocando em causa todos os que trabalham” na Lusa, considerou.
“A situação é ainda mais violenta por afetar dramaticamente a imagem da Lusa nos países africanos de língua oficial portuguesa, que são pedras basilares da afirmação estratégica da Lusa no mundo“, realçou Nicolau Santos, acrescentando que “todo o prestígio e credibilidade da Lusa nesses países e junto das respetivas comunidades que residem em Portugal são fortissimamente atingidos com este tristíssimo episódio”.
Considerando ser “indispensável, em primeiro lugar, pedir humildemente desculpas públicas à deputada Romualda Fernandes“, acrescentou que o pedido de desculpas “é extensivo à sua família, ao grupo parlamentar onde se insere e a todos os que se sentem justamente ofendidos por este episódio em Portugal ou no estrangeiro”.
No comunicado, Nicolau Santos refere que a Direção de Informação “tomou de imediato posição, mostrando que se mantém fiel aos princípios que sempre nortearam a agência e dando conta de que está a averiguar o que se passou, mas garantindo que serão retiradas as devidas consequências para que não volte a acontecer”.
A produção noticiosa “não é imune a erros, omissões, enviesamentos mas o que se passou vai muito para lá disso. Há que retirar ilações, responsabilizar quem deve ser responsabilizado, sancionar quem tem de ser sancionado“, defendeu Nicolau Santos. A Global Media detém 23,36% da Lusa.
A Páginas Civilizadas, do grupo Bel, do empresário Marco Galinha, que é presidente da Global Media, assinou um contrato promessa com a Impresa, no início do ano, para a compra dos 22,35% que a dona da SIC detém na agência de notícias.