Depois da épica qualificação da Seleção Nacional para os Jogos Olímpicos de Tóquio, com uma vitória selada a cinco segundos do final com um golo de Rui Silva frente à França, o Campeonato de andebol, esta época com um modelo competitivo diferente e circunscrito a uma única fase regular, tinha dois grandes jogos em perspetiva até ao final pelo título: a receção do FC Porto ao Sporting e a deslocação dos dragões à Luz. A história dos encontros foi diferente, pelas dificuldades que os leões colocaram (chegaram a ter cinco golos de avanço na segunda parte) e pela incapacidade que as águias tiveram em reentrar num encontro sempre dominado pelo adversário, mas o resultado foi o mesmo. Com isso, os azuis e brancos somavam por vitórias os jogos realizados.

Tinham sido até este sábado 27 encontros e 27 triunfos. Mais: à exceção do 27-25 com o Benfica e do 33-30 com o Sporting, sempre com margens folgadas. No entanto, e para este plantel comandado por Magnus Andersson (a chave para a revolução do andebol azul e branco), houve uma derrota. A pior derrota. Uma derrota que motivou a solidariedade de águias e leões, que aproveitando o jogo com os dragões fizeram emotivas homenagens por Alfredo Quintana. Por todas as razões, o luso-cubano não seria esquecido mas, no dia em que a equipa poderia selar o título, o adversário, o Águas Santas, era o mesmo contra quem tinha jogado pela última vez.

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E aqui um parênteses para falar sobre esse jogo a 21 de fevereiro na Maia, que terminou com o triunfo do FC Porto por 34-26: a primeira parte foi complicada, os dragões saíram a ganhar ao intervalo com apenas um golo de vantagem mas o número 1 voltou a encher a baliza, travou todos os contra-ataques, defendeu metade dos remates da ponta e dos nove metros, acabou com 37% de eficácia entre os postes com 14 intervenções e ainda marcou dois golos de baliza a baliza. Este era Quintana. Ou Kingtana, um monstro na baliza. No dia seguinte, durante um treino mais de recuperação, sofreu uma paragem cardiorrespiratória. Não resistiu.

Depois da suspensão do Campeonato na última temporada, com posterior atribuição apenas para efeitos das provas europeias do primeiro lugar ao FC Porto, os dragões tinham o primeiro match point para fecharem um título importante também nas contas da competição, com os azuis e brancos a poderem tornar-se mais uma vez o clube com mais títulos depois da ultrapassagem do Sporting com o bis em 2017 e 2018. E não falharam, vencendo o Águas Santas por 35-32 num encontro em vários momentos atípicos mas onde a superioridade dos dragões nunca esteve em causa mas onde Magnus Andersson foi rodando os seus jogadores.