O assassino em série brasileiro Lázaro Barbosa, em fuga há 20 dias, foi localizado em Águas Lindas de Goiás, mas morreu na sequência de um tiroteio, confirmou o secretário de segurança pública daquele estado, Rodney Miranda. O homem foi encontrado esta segunda-feira durante uma megaoperação que envolveu 270 agentes, mas recebeu a polícia com tiros. Foi detido após ter sido abatido e chegou já morto ao hospital.

Rodney Miranda explicou ao G1 que Lázaro Barbosa disparou uma arma de calibre .380 contra os polícias, que também responderam com tiros. Após ter sido atingido, o criminoso foi socorrido pela equipa da Polícia Militar e transportado pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Municipal Bom Jesus. A morte foi confirmada pela Polícia Técnico-Científica de Goiás. O Instituto de Medicina Legal já está no local.

Brasil. 300 polícias procuram Lázaro, “o matador de Goiás”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Jair Bolsonaro já reagiu nas redes sociais à detenção e morte de Lázaro Barbosa. Num tweet publicado esta tarde, o presidente brasileiro escreveu: “Lázaro: CPF Cancelado!” em letras capitais. “CPF” é a sigla para “Cadastro de Pessoas Físicas” e a mensagem traduz-se numa celebração pelo desaparecimento do homicida.

Os 20 dias de buscas pelo “psicopata imprevisível”

As buscas por Lázaro Barbosa, descrito em 2013 por uma equipa de psicólogos como um “psicopata imprevisível”, começaram a 9 de junho, dia em que matou, com recurso a arma de fogo e a arma branca, uma família de quatro pessoas — um casal e dois filhos — no Distrito Federal. O homem já era perseguido pela polícia desde 2007, quando foi acusado de um duplo homicídio em Barra do Mendes, cidade do interior de Bahia, onde nasceu. Foi preso duas vezes, mas conseguiu sempre fugir algumas semanas ou meses após ter sido encarcerado.

Depois de ter morto a família, e já em fuga, Lázaro Barbosa ainda atirou contra outras três pessoas — uma que morava numa fazenda na zona rural de Cocalzinho e outras duas que estavam acampadas noutra quinta a 700 metros dali. As três vítimas sobreviveram ao ataque, mas o homem ateou fogo à casa na primeira fazenda. Durante a invasão, fez o caseiro de refém, consumiu bebidas alcoólicas enquanto destruía a propriedade, fumou marijuana e obrigou a vítima a fumar com ele.

No dia destes ataques, a 12 de junho, a polícia montou um cerco em Cocalzinho de Goiás, mas foi recebida com tiros de uma arma de calibre .38 e o assassino conseguiu escapar. No dia seguinte, roubou um carro, que foi mais tarde encontrado ao abandono junto a uma estrada federal. Ao longo de toda a perseguição, Lázaro Barbosa entrou em 11 fazendas, atacando os habitantes e os agentes da polícia recrutados para o apanharem — incluindo dois polícias militares e um oficial da Força Aérea Brasileira. As pistas apontadas pelos moradores da região, que se cruzavam com Lázaro nas tentativas de atacar as propriedades, assim como os objetos e marcas que o fugitivo deixava para trás, permitiram às autoridades fechar o cerco ao homicida.

Lázaro fugiu duas vezes da prisão, uma delas durante uma saída autorizada

Quando foi detido pela primeira vez, acusado de duplo homicídio em 2007, Lázaro Barbosa fugiu apenas 10 dias mais tarde. Só foi detido novamente dois anos mais tarde, em Corumbá de Goiás, por suspeitas de roubo, violação e porte ilegal de arma de fogo. Em março de 2014, o recluso entrou em regime semiaberto e ficou autorizado a saídas ocasionais para trabalhar ou participar em atividades permitidas pelas autoridades.

Apenas dois anos mais tarde, Lázaro Barbosa aproveitou um passeio de Páscoa organizado pela prisão para fugir da Penitenciária da Papuda, em Brasília. Só é novamente detido em março de 2018, em Águas Lindas de Goiás, suspeito de homicídio qualificado, porte ilegal de arma de fogo, roubo e violação. Escapa novamente em julho desse ano, com mais três reclusos, através de um buraco aberto no teto da prisão. Era o único até agora a permanecer em fuga.

Já este ano, a 26 de abril, Lázaro invadiu uma casa no Sol Nascente, manteve um homem e o filho em cativeiro; e transportou a mulher para uma zona de mato para a violar. Poucos dias mais tarde, a 17 de maio, fez outra família refém na mesma região, mas desta vez obrigou todo os membros a ficarem completamente nus. A 5 de junho, quatro dias antes do homicídio da família em Ceilândia, terá morto o caseiro de uma fazenda em Girassol.