Pedro Proença, presidente da Liga desde 2015, deu uma entrevista ao El País em que fala de futebol e dos seus desafios, não só em Portugal, como na Europa, comentando, por exemplo, a Superliga Europeia.

Sobre essa assunto, Proença disse ser “ideia de uma menta insana”. “A ideia é de uma mente insana. Eles não perceberam a lógica do futebol europeu. Aqui não vivemos a realidade desportiva dos EUA. Lá existem ligas fechadas em que se compram posições de valor económico para ter um lugar desportivo”, afirmou o responsável, referindo-se a competições desportivas “fechadas” dos EUA como a NBA (basquetebol), a NFL (futebol americano) ou a NHL (hóquei no gelo).

“O sucesso social e económico do futebol europeu assenta no seu caráter democrático, na defesa dos princípios da meritocracia, na possibilidade de um país pequeno como Portugal ser campeão europeu, na possibilidade de clubes relativamente pequenos como o FC Porto ou o Benfica ganharem a Liga dos Campeões. Se amputarmos a possibilidade de ultrapassar os limites económico-financeiros pelo mérito desportivo, matamos o futebol. Não é possível criar uma Superliga dentro do modelo atual, na qual existem várias divisões. Se não permitirmos que os países menores subam na hierarquia, mataremos o futebol europeu”, frisou o português.

Admitindo que “existiram conversas” entre clubes portugueses e responsáveis da possível Superliga, Pedro Proença referiu que “felizmente os clubes portugueses percebam que a existência de uma Superliga aniquilaria as ligas mais pequenas. Foi uma resposta direta, porque a Liga e a Federação Portuguesa de Futebol perceberam que se podia tratar da morte do futebol em Portugal”. “Os clubes portugueses responderam de forma muito clara dizendo que não iam alimentar a Superliga”, disse.

“A nossa visão do futebol, como tecnocratas, deve ser socialista”, explicou, acrescentando que é preciso “criar condições de riqueza” que possa ser distribuída por “todos os clubes europeus”. “O grande sucesso das competições europeias é a capacidade de evitar que uma pequena elite adquira um lugar de exclusividade. É a visão das competições, desde a Liga dos Campeões ao futebol de formação. Não podemos permitir que uma pequena elite seja o catalisador de toda a riqueza que o futebol produz na Europa. Se hoje as marcas do Real Madrid, Barcelona ou Liverpool têm tanto valor é porque estiveram ligadas a outras ligas que poderiam fortalecê-las, formar jogadores e, em última análise, produzir riqueza. Os grandes clubes gozam desta prosperidade pelo facto de existirem clubes, ligas com outras dimensões, que os obrigam a ser fortes”, referiu também, ainda na senda dos contactos existentes com clubes portugueses.

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