O US Open de ténis começa já esta segunda-feira, sem Federer e Nadal, e são muitas as questões em torno do torneio. A maior rodeia Novak Djokovic que, caso vença, além de completar o Grand Slam (vencer Roland Garros, Wimbledon, Open da Austrália e US Open), chega aos 21 títulos nesses mesmos quatro torneios, ultrapassando Federer e Nadal, ambos com 20.
O número um mundial de ténis igualou, em Wimbledon, o recorde de 20 títulos do Grand Slam dos seus maiores rivais e, em Flushing Meadows, entre 30 de agosto e 12 de setembro, vai aproveitar para tentar escrever nova página na história do ténis mundial, superando o helvético, de 40 anos, e o esquerdino de Manacor, ambos a par com problemas físicos.
O sérvio poderá ser também o primeiro a conseguir um Grand Slam de temporada, desde 1969, quando o australiano Rod Laver venceu os quatro “majors” no mesmo ano civil.
O Observador conversou com Barbara Schett, ex-tenista que chegou a ser número sete do ranking mundial e é agora comentadora da Eurosport, sobre o torneio, e a austríaca diz que Djokovic é mesmo o principal favorito, apesar da nova leva de tenistas que tem aparecido nos últimos anos.
Diz ainda que o torneio vai ser “diferente” em relação ao ano passado devido à presença de espectadores, porque o “ano passado não se sentiu a vibe do público de Nova Iorque”. Além disso, focando-se no quadro feminino diz haver “foco em Serena Williams, que ao contrário de outros anos” não parte como favorita.
Mas sobre os homens e novamente sobre o sérvio número um do mundo, refere achar que ele é “o melhor de sempre”. “Se gostam dele ou não, não interessa. Se ele ganhar o US Open, vai ter o maior número de Grand Slams e não acho que Roger Federer ganhe outro, mas ficaria feliz de o ver jogar outra vez noutros palcos. Com Rafa Nadal as coisas também não estão a ficar fáceis”, disse.
“Sendo honesta, Medvedev ou Tsitsipas vão ganhar 21 títulos do grand slam? Não acho que vá acontecer. Quando olhamos para o Novak fisicamente, parece que tem 27 ou 28 anos. Parece estar em forma e a cuida muito bem do seu corpo o que é um ponto chave. Ganhando ou não o US Open, acho que vai ganhar mais títulos do Grand Slam. Ele vai saber como utilizar estes próximos anos também. Ele é fantástico a canalizar a sua energia e objetivos e acho que mentalmente ele é o melhor ou um dos melhores”, acrescentou.
Do lado das mulheres, Barbara Schett pensa que é a australiana Ashleigh Barty, número um do mundo, a principal favorita, “porque tem jogado melhor este ano e teve o maior sucesso”.
“É a jogadora mais consistente e sente-se bem. Ganhou Wimbledon e o recente torneio recente de Cincinnati e está bem mentalmente. Mandei-lhe mensagem a dar os parabéns e ela disse que tinha sido uma ‘semana sólida’, ao que respondi que ‘mais do que sólida, foi fantástica’. Acho ainda que encontrou o equilíbrio certo. Está bem no court e sabe exatamente o que fazer. Tem uma variedade no seu ténis e este flui bem, o que é um bocado desconfortável para quem tem um ténis mais unidimensional”, frisou.
Quem tem estado em destaque, nem sempre pelas “melhores” razões, tem sido Naomi Osaka, que tem revelado problemas ao nível da saúde mental e revelado dificuldades, por exemplo, em lidar com as conferências de imprensa e o mediatismo em torno de si. Para Barbara Schett “é triste de ver”. “Como na primeira conferência de imprensa em que voltou e estava a lutar com isso novamente. Tem de encontrar forma de passar estes medos e momentos. Se isso significa tirar tempo do ténis então ela tem de fazer isso”, explicou.
“As conferências de imprensa são essenciais e acho que não são más para os jogadores, porque estás a falar do teu jogo. Naomi tem dificuldades mas, por outro lado, está à vontade com outras coisas, como as redes sociais, com patrocinadores, documentários... Ela tem de encontrar um balanço. Isso é o mais importante e que ela ainda goste de ténis e de tudo o que isso traz. Acho que não tem jogado o suficiente para fazer danos ou ganhar outro US Open. Mas sabemos que quando ela está no topo do seu jogo pode ganhar a qualquer pessoa”, garantiu a austríaca, que tem boas memórias do torneio norte-americano…
...”Joguei numa era onde o ténis feminino era muito duro. Ainda havia Steffi Graff, Monica Seles, as irmãs Williams, Martina Hingis, Lindsay Davenport, todas no top dez e depois havia eu. Era muito difícil ir longe nos Grand Slams porque normalmente eu encontrava uma jogadora desse calibre e provavelmente não era boa o suficiente para ganhar-lhes”, disse.
Mas foi no US Open que chegou uma vez às meias finais, nas sua melhor participação de sempre nos quatro Majors do ténis: “Quando ganhei à Venus Williams nos quartos de final foi um grande sucesso. Lembro-me que perdi apenas sete jogos para chegar aos quartos e não foram muitas as pessoas que devem ter conseguido fazer isso. Será sempre especial para mim, embora o US Open não seja o meu Grand Slam favorito dos quatro, terá sempre um lugar especial. Lembro-me muito bem e são boas memórias”, finalizou.