Depois da vitória na final de K1 1.000, vários sentimentos foram assaltando Fernando Pimenta na hora de festejar. Em conversa com a Rádio Observador, manifestou todo o orgulho pelo segundo título mundial na categoria, deu uma resposta a quem achava que iria falhar de novo nos Jogos Olímpicos, admitiu que tinha um significado maior pelo contexto em que foi conseguido. No final, soltou quase um desabafo. “Faltam só cinco quilómetros, os últimos cinco quilómetros da época…”. Era na final de K1 5.000 que se focava.

O canoísta de Ponte de Lima ainda ponderou a presença neste Campeonato do Mundo de Copenhaga. Não tanto pela parte física, mais pelo desgaste mental a que se sentiu sujeito antes e durante os Jogos Olímpicos de Tóquio. No final, sentiu que os esforços que vai fazendo mereciam essa oportunidade de um último fôlego para terminar da melhor forma um ciclo maior do que é normal de cinco anos onde viu a oposição direta crescer mas nem por isso diminuiu a vontade e a capacidade de conquistar troféus num currículo que leva já mais de 100 medalhas em provas internacionais, entre Jogos, Mundiais, Campeonatos da Europa e Taças do Mundo que como sénior já leva mais de uma década entre os patamares cimeiros.

A primeira volta terminou com o dinamarquês Mads Pedersen na frente e com Pimenta dentro desse grupo restrito de três atletas que foi conseguindo ganhar alguma vantagem antes de o português e de Bálint Noé, campeão europeu naquela final polémica realizada em Poznan que teve uma volta “extra” que baralhou as contas, passarem para a liderança, com o húngaro a agarrar no ritmo da corrida. O canoísta da casa, mais habituado a maratonas, tentava desgastar Pimenta e Noé, na luta que ficaria até ao final da prova, com o português a ser batido pelo húngaro apenas nos últimos 20 metros após ter liderado a última volta.

De recordar que esta é a 11.ª medalha de Fernando Pimenta em Campeonatos do Mundo. Antes tinha ganho quatro de ouro (K1 5.000 em 2017, K1 1.000 e K1 5.000 em 2018 e agora K1 1.000 em 2021), três de prata (K2 500 em 2010, K4 1.000 em 2014 e K1 1.000 em 2017) e outras tantas de bronze (K1 1.000 em 2015 e K1 1.000 e K1 5.000 em 2019). Olhando apenas para grandes competições em seniores, o atleta nacional tem ainda duas medalhas em Jogos Olímpicos (prata em K2 1.000 em 2012, bronze em K1 1.000 em 2020) e 22 em Campeonatos da Europa, entre cinco ouros, dez de prata e sete de bronze.

Ao longo deste último ciclo de cinco anos, interrompidos pela pandemia em 2020 (o que levou a que os Jogos fossem adiados um ano), Pimenta ganhou uma medalha em Tóquio, sete medalhas em Mundiais, sete medalhas em Campeonatos da Europa e dezenas de títulos nacionais e em Taças do Mundo. Portugal fechou da melhor forma também este ciclo com uma participação histórica nos Mundiais com a conquista de cinco medalhas, juntando as duas alcançadas por Pimenta com a prata de João Ribeiro em K1 500, a prata de Francisca Laia e Messias Baptista em K2 200 mistos e o bronze de Norberto Mourão em VL2.

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