O Paris Saint-Germain venceu no passado domingo à noite o Lyon — um dos jogos grandes da Ligue 1 —, com um golo de Icardi aos 90+3′ a completar a reviravolta parisiense (2-1) num encontro em que esteve a perder. O PSG tenta voltar ao título francês, depois do fenómeno Lille na época passada, e leva esta época seis vitórias no mesmo número de jogos, com 18 golos marcados e e seis sofridos, cinco pontos à frente do Marselha. Tudo ok, certo? Bem, talvez a resposta não seja assim tão linear. E não, não tem a ver com expectativas coletivas, visto essas a estarem a ser cumpridas, mas sim com o que era mesmo a razão maior para se visitar o Parque dos Príncipes na última noite: a estreia do Messi perante os seus (novos) adeptos.

Uma estreia que durou cerca de 75 minutos, com o argentino a ser substituído pelo compatriota, o treinador Mauricio Pochettino, que colocou Achraf Hakimi no seu lugar. Ver Leo sair de campo no decorrer de um jogo é algo muito, muito raro, basta visitar números das últimas épocas, como não será de surpreender, mas vê-lo sair por mera opção técnica é ainda menos habitual.

Sem medo de mostrar o que sentia, ou mesmo que o tenha tentado fazer não conseguiu, Messi saiu bastante desagradado do terreno de jogo, que na altura estava ainda empatado a um golo. O seu treinador tentou cumprimentá-lo, e nas imagens parece ter acertado de raspão até na mão do número 30 do PSG, mas foi mais uma situação de incredulidade do que outra coisa. Messi não gostou e mostrou-o, não só na substituição… Quando Icardi fez o golo da vitória, quase todo o banco do PSG saltou de alegria, braços no ar e cara vitoriosa. Messi não. Ficou “na sua”, levantou-se brevemente com uma cara algo apática e deixou então sair alguns aplausos. Além deste “festejo”, tal como outros suplentes não utilizados ou jogadores substituídos, não permaneceu em campo para agradecer o apoio dos adeptos do clube da Cidade Luz, em dia de estreia.

“Nenhum jogador gosta de sair de campo e toda a gente sabe que o Messi é um enorme jogador. Temos cinco substituições e estamos no banco para fazer escolhas. A reação dele? Não me preocupa”, disse Pochettino, acrescentando depois: “Temos de tomar decisões para o bem da equipa e a pensar em cada jogador. Por vezes as decisões têm consequências boas, por vezes não, Estou aqui para tomar decisões que podem ou não agradar. Tomámos a decisão de tirar Messi devido a uma possível lesão no futuro. Aproximam-se muitos jogos importantes e é preciso protegê-lo. Todos sabem que temos muitos jogadores, um plantel de 35, e temos de decidir”. “Perguntei a Messi se estava bem e ele disse-me que sim, tranquilo“, referiu ainda sobre os momentos da saída de campo do argentino.

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As reações à substitição não se fizeram esperar, principalmente pela imprensa sul-americana, mas também espanhola, como não será de estranhar, mesmo que a suposta “cor” dos jornais seja diferente. Se em Madrid, o As fala em “polémica”, em Barcelona, o Mundo Deportivo fala em “raiva”. A Marca não foge à linha, mas acrescenta que o jogador “mostrou-se muito ativo, pressionante e com a velocidade que fez recordar Messi de há uns anos”. “A substituição foi algo inexplicável para o Parque dos Príncipes, que havia desfrutado de Messi durante todo o jogo. O natural de Rosário podia ter marcado em duas ocasiões, não parou de pedir a bola e foi uma constante fonte de jogadas de perigo”, afirmou também o As.

O argentino podia inclusivamente ter marcado um golo mas do outro lado encontrou o guarda-redes português Anthony Lopes, que negou uma estreia de sonho, num Parque dos Príncipes que recebeu para a estreia de Leo personalidades como o primeiro-ministro francês Jean Castex, o antigo presidente da república francesa Nicolás Sarkozy e ainda o embaixador argentino Leonardo Constantino. Contudo, como todos os outros, não puderam guardar recordações do momento sem ser na própria memória, porque como escreve o argentino Clarin: “Cada ação do argentino é seguida com alguma suspeita. A segurança do PSG supervisiona tudo a toda a hora porque não se pode filmar no estádio. Os direitos televisivos são respeitados estritamente e quem não o fizer podem não voltar a entrar”.

Continuando o périplo pelas reações, as redes sociais, como sempre, falam um pouco por si. O Clarin fez um apanhado de vários memes feitos pelos internautas que não perdoaram a situação e imediatamente começaram a “brincar” com imagens e frases, principalmente tendo como alvo Pochettino. Também em publicações nas redes, algumas publicações brasileiras e argentinas reagiam à substituição.

É preciso recuar até 9 de janeiro deste ano para encontrar a última vez em que Leo Messi foi substituído, ainda no Barcelona, por Koeman. No entanto as circunstâncias foram bem diferentes, visto que o então 10 do Barça tinha feito dois golos e a equipa estava a golear o Granada por 4-0, tinha jogado três dias antes e havia uma Supertaça Espanhola, frente ao Athletic, para preparar. E, antes disso, a última vez que Messi saiu de campo durante o jogo e que, supostamente, não tenha sido por problemas físicos, foi em janeiro de 2018, num jogo da Taça do Rei em que Messi também marcou duas vezes e o Barcelona viria a dar uma manita (5-0), ao Celta de Vigo.

Esta época, ao serviço do PSG, Messi leva já 190 minutos, divididos entre dois jogos da Ligue 1 e um da Liga dos Campeões, estando ainda (e todo o mundo do futebol) à espera de encontrar o caminho das redes ao serviço dos parisienses. Não é uma questão de baixa de forma, até porque no último jogo da seleção da Argentina, frente à Bolívia, Messi “despachou” os bolivianos com um hat trick. 

Leo Messi vai ser pago também em “tokens” do PSG