Equipamentos GPS vão ser colocados em resíduos eletrónicos e elétricos para detetar e fiscalizar se vão parar ao mercado paralelo, que as entidades gestoras consideram “um flagelo”.

A campanha de fiscalização, apresentada esta quarta-feira, vai juntar as três entidades gestoras de resíduos elétricos e eletrónicos, três quartos dos quais vão parar ao mercado paralelo em vez de serem reciclados como determinado por lei.

Os números são do diretor da Eletrão, Pedro Nazareth, que referiu que numa experiência piloto de colocação de localizadores GPS feita pela empresa, se verificou que 75 por cento dos resíduos recolhidos acabavam por ser desviados após a recolha.

A campanha que durará pelo menos um ano permitirá “monitorizar com recurso a GPS o percurso [dos resíduos] a partir do momento em que são colocados no circuito de recolha e atuar em conformidade com ações de fiscalização”, afirmou na apresentação da campanha Ana Cristina Carrola, da Agência Portuguesa do Ambiente.

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As fiscalização concentrar-se-á em concelhos com mais densidade populacional e serão distribuídos 50 aparelhos, quatro por mês, pelas três entidades com competência na reciclage – Eletrão, ERP e E-Cycle – preferencialmente em resíduos mais perigosos para o ambiente e com maior valor de mercado.

Os localizadores podem ser acompanhados através de uma plataforma comum aos operadores e quando forem detetados desvios, os aparelhos podem ser detetados e os locais onde se encontram serão alvos de ações de fiscalização.

A secretária de Estado do Ambiente, Inês Costa, salientou que apesar de haver “mais de 10 mil locais” de recolha de resíduos deste tipo no país, “muitos ainda acabam no lixo indiferenciado ou são colocados erradamente nos ecopontos de embalagens“.

Defendeu que é precisa “mais eficácia na informação ao consumidor”, que embora não tenha influência no desenho dos aparelhos, está “presente no momento da compra, do uso e no fim de vida do aparelho”, pelo que o seu comportamento “tem impacto na preservação da saúde pública e ambiental”, referindo-se aos componentes e materiais perigosos que estão presentes em muitos resíduos elétricos e eletrónicos, que vão dos eletrodomésticos maiores aos telemóveis.

Estima-se que em Portugal, sejam recolhidos anualmente de forma eficaz 450 gramas de resíduos elétricos e eletrónicos por cada cidadão, uma proporção que aumenta para 2,4 quilos em Espanha ou 07 quilos em França.