A confederação das cooperativas agrícolas alertou esta quinta-feira para uma possível escassez de alimentos, em consequência do abandono da produção, face ao decréscimo dos preços ao produtor.
“É com extrema apreensão que a Confagri [Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal] antevê o futuro do setor agrícola, considerando que os preços ao produtor de muitos produtos agrícolas e pecuários estão em decréscimo, pela pressão a que estão sujeitos e pela ditadura da distribuição”, apontou, em comunicado.
Assim, a Confagri alertou para uma “possível escassez de bens alimentares nacionais nas ‘prateleiras'”, face ao abandono da produção de muitos produtores, bem como do plano estratégico da Política Agrícola Comum (PAC), “que desvaloriza a produção nacional”.
No documento, a confederação lembrou que a atividade agropecuária foi “fortemente penalizada” pela covid-19, notando que, com o fim do confinamento, ao contrário do esperado, não se está a verificar uma recuperação.
A isto somam-se os aumentos dos preços dos fatores de produção, como gasóleo, rações ou adubos/fertilizantes/fitofármacos.
“A atual situação é desesperante, depois de em 2020 ter ocorrido um decréscimo do valor acrescentado bruto (VAB) do setor agrícola (-8%), o agravamento dos custos intermédios vai continuar a ditar reduções no rendimento desta atividade e a viabilidade de alguns negócios, pelo que se teme a falência de alguns produtores, caso não haja uma resposta à altura por parte das políticas públicas”, vincou.
Perante esta situação, a Confagri defendeu ainda que podem ser agravados problemas ambientais e de coesão territorial, com o abandono da produção e dos territórios.
Na próxima quarta-feira, a Confagri vai reunir o seu Conselho Geral, na presença da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, para debater as propostas do Plano Estratégico da PAC (PEPAC) 2023-2027.