Os técnicos de emergência pré-hospitalar vão passar a poder fazer eletrocardiogramas na rua para detetar casos de enfarte do miocárdio mais rapidamente, podendo administrar medicação indicada por um clínico à distância e ganhar minutos preciosos na luta contra esta que é a principal causa de morte em Portugal.
O Jornal de Notícias escreve neste domingo que esta é uma mudança de protocolo que está prometida há vários anos, mas demorou a ser concretizada devido a um impasse com a compra de monitores. Apesar de esse imbróglio ainda correr nos tribunais, a partir desta segunda-feira, 1 de novembro, vão passar a circular 56 ambulâncias equipadas com monitores novos capazes de usar esta ferramenta de diagnóstico.
O INEM recebe, em média, 17 mil telefonemas de emergência relacionados com dor torácica e, até agora, apenas as viaturas médicas de emergência e reanimação e as ambulâncias de suporte imediato de vida podiam dar esta resposta. Passa a haver mais 64% de veículos, para já, equipados para fazer este despiste.
“É o maior ganho em saúde dos últimos anos“, diz Ricardo Rocha, coordenador nacional das equipas de Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, citado pelo Jornal de Notícias.
Investimento de 600 mil euros em equipamento de ambulâncias vai trazer “ganho muito significativo”
O presidente do INEM afirmou que o investimento de 600 mil euros num equipamento que vai permitir aos técnicos de emergência médica monitorizar os sinais vitais dos doentes vai representar um “ganho muito significativo” em termos de saúde.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) afirmou que esta era uma prioridade do instituto, “não apenas dotar as ambulâncias de emergência médica com estes equipamentos”, mas sobretudo poder avançar com a implementação do protocolo de dor torácica que efetivamente vai permitir ganhos em saúde.
Vai permitir também “uma melhoria significativa” das condições de trabalho dos técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH), uma vez que dispõem a partir de agora de um equipamento que “lhes vai facilitar, e muito, a sua missão, porque incorpora várias capacidades”.
“Além da capacidade de fazerem eletrocardiogramas (ECG), têm a possibilidade de, no mesmo aparelho, ter um monitor de sinais vitais”, que facilitará muito a monitorização dos doentes, além da desfibrilhação automática externa.
Mas, salientou, “o objetivo claro é sempre garantir que a assistência médica pré-hospitalar é feita nas melhores condições possíveis, sobretudo, na perspetiva das vítimas de acidente e doença súbita”, com um foco muito particular no enfarte agudo do miocárdio.
“É uma situação grave e que carece de uma identificação o mais precocemente possível para permitir o encaminhamento adequado destes doentes”, defendeu o presidente do INEM, lembrando que o enfarte agudo do miocárdio mata cerca de 8.000 portugueses por ano e que as doenças cardiovasculares são uma das principais causas de mortalidade em Portugal.
Por isso, poder fazer o mais rapidamente o diagnóstico e encaminhar o doente imediatamente para o local mais adequado para fazer o tratamento, é fundamental para reduzir a mortalidade, mas também a morbilidade.
Luís Meira estima que os técnicos façam entre 10 a 20 eletrocardiogramas por dia, com o apoio do equipamento que foi colocado em todas as ambulâncias de emergência médica.