O Conselho de Fundadores da instituição portuense quer que a atual presidente se mantenha em funções por mais um mandato, mas Ana Pinho tem muitas dúvidas em ficar. A notícia é avançada ao Observador por fonte governamental próxima da presidente. O novo mandato da presidente da Fundação de Serralves, a acontecer, será um mandato extra, uma vez que os estatutos permitem apenas a realização de dois mandatos à frente do cargo. É por isso que necessita da luz verde do Governo para assinar a alteração dos estatutos que permita a sua continuidade.

“Tudo isto é de um altíssimo grau de delicadeza. Não vamos comentar”, alerta o assessor de imprensa do Ministério da Cultura, a quem cabe elaborar o decreto-lei que alterará os estatutos de Serralves, salvaguardando a possibilidade de um presidente assumir três mandatos. E a pergunta retórica ouve-se nos corredores de S. Bento: “Ana Pinho quer ficar?”

A um mês de terminar as suas funções em Serralves, onde está desde 2010 no conselho de administração, sendo a sua presidente desde 2016, Ana Pinho está a ser pressionada para não sair. Do seu lado, está praticamente todo o conselho de fundadores, e está o trabalho feito e avaliado positivamente. Foi com a sua administração que a Fundação terminou os trabalhos na Casa de Serralves e a pôs a funcionar, inaugurou a Casa do Cinema Manoel de Oliveira, conseguiu a verba necessária para a ampliação do Museu, e expandiu a sua atividade até Lisboa com a recente assinatura de um memorando de entendimento com a Fundação EDP, que determina que será Serralves a gerir e programar o Campus Cultural daquela instituição, ou seja, o MAAT e a Central Tejo.

Este último passo, concretizado há uma semana, foi muito bem recebido pelos grandes fundadores de Serralves, a começar pelo seu presidente, Rui Vilar, mas também por Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto. Enquanto em Lisboa, a nova parceria, com duração de dez anos, caía como um balde de água fria e se pensava que nem as avaliações periódicas, aos quatro, aos sete e aos nove anos de longevidade já estipuladas, poderiam modificar um caminho “esmagador” da Fundação de Serralves sobre a Fundação EDP e que seria precisamente Ana Pinho a percorrê-lo. “Para a presidente da Fundação de Serralves o mais importante era que a coisa se iniciasse, mas não é relevante para ela ficar”, diz ainda ao Observador fonte próxima do Governo, que vê nela a grande administradora cultural.

A incerteza mantém-se tanto no Porto quanto em Lisboa a níveis muito diferentes. As reuniões sucedem-se na Fundação EDP à porta fechada, garantindo a sua presidente, Vera Pinto Pereira, “a continuidade laboral de todos os funcionários”, que poderão vir a ter duas entidades empregadoras e duas hierarquias. Sabe também o Observador que as garantias aos trabalhadores são ponto assente entre as duas casas, apesar das negociações que definirão o novo quadro laboral se prolongarem até ao início de abril.

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