A Porto Editora revelou esta quarta-feira as dez candidatas a Palavra do Ano. A lista, definida por uma equipa de linguistas e lexicólogos a partir das sugestões dos portugueses, das pesquisas efetuadas online na Infopedia e do trabalho de acompanhamento da realidade da língua portuguesa, inclui vocábulos como “bazuca”, “podcast” ou “teletrabalho”.

À semelhança do ano passado, a lista de 2021 é composta por palavras que refletem a realidade pandémica e o seu impacto na economia e sociedade portuguesas. É o caso de “bazuca”, “moratória” ou “resiliência”. Alguns termos estão também relacionados com a política, como “orçamento”.

As dez palavras candidatas (e respetivas justificações) são as seguintes:

  1. Apagão — segundo a Porto Editora, “este termo foi usado para descrever o período em que milhões de utilizadores ficaram sem acesso às principais redes sociais, com impacto social e económico a nível mundial”;
  2. Bazuca — “esta palavra foi utilizada pelo primeiro-ministro António Costa para designar o pacote de ajuda europeu destinado a fomentar a recuperação da economia, na sequência da pandemia”;
  3. Criptomoeda — “as moedas virtuais encriptadas multiplicam-se e crescem em popularidade e valor, o que tem levado vários países a estudar mecanismos de regulamentação das mesmas”;
  4. Mobilidade — “o agravamento do trânsito automóvel (especialmente nos centros urbanos) e a preocupação com a sustentabilidade e acessibilidade dos transportes originaram múltiplos debates sobre a mobilidade”;
  5. Moratória — “criadas pelo governo em março de 2020, as moratórias de crédito ajudaram muitas famílias e empresas afetadas pelo impacto da pandemia da Covid-19”;
  6. Orçamento — “a rejeição da proposta de orçamento do Estado para 2022 no Parlamento levou o Presidente da República a dissolver a Assembleia, convocando eleições antecipadas”;
  7. Podcast — “ganhou popularidade entre os portugueses e têm-se multiplicado os novos conteúdos difundidos neste formato”;
  8. Resiliência — “o impacto da pandemia na saúde, economia e bem-estar, a par das sucessivas medidas tomadas no seu combate, colocaram à prova a resiliência dos portugueses”;
  9. Teletrabalho — “tradicionalmente associado a empresas do setor tecnológico, o teletrabalho foi determinante para assegurar a continuidade de diversas atividades económicas no contexto pandémico”;
  10. Vacina — “desenvolvidas em tempo recorde, as vacinas tornaram-se a maior arma contra a Covid-19 e Portugal é um dos líderes mundiais na sua inoculação”.

A partir desta quarta-feira, os portugueses poderão votar na palavra favorita. A votação decorre no site da Palavra do Ano até ao último segundo de 31 de dezembro. À semelhança das edições anteriores, vencedora será divulgada nos primeiros dias de 2022. Em 2020, a escolhida foi “saudade”, “um sentimento muito presente como consequência do distanciamento físico e, também, da rutura em relação às rotinas mais simples e banais”, destacou a Porto Editora.

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Palavras candidatas em Angola refletem acontecimentos no país

Foram também divulgadas esta quarta-feira as candidatas a Palavra do Ano em Angola, uma iniciativa promovida pela Porto Editora desde 2017 em parceria com a Plural Editores. As palavras escolhidas refletem a realidade do último ano no país, marcado pela pior seca dos últimos 40 anos e pelo aumento da inflação. “Seca” e “inflação” são, de resto, vocábulos incluídos na lista de 2021, onde se destacam palavras como “privatização”, “lixo” ou “manifestação”. O único termo que remete para a Covid-19 é “vacina”.

Tal como em Portugal, a votação decorre até 31 de dezembro no site da Palavra do Ano Angola, sendo a vencedora revelada nos primeiros dias de janeiro. Em 2020, a palavra escolhida foi “pandemia”.

A iniciativa decorre também em Moçambique, igualmente em parceria com a Plural Editores, mas neste país decorre ainda a fase de seleção. A lista das dez finalistas será conhecida no dia 27 de novembro. A palavra vencedora de 2021 em Moçambique foi “refugiados”.

Criada em 2009, a Palavra do Ano tem como objetivo “sublinhar a riqueza lexical e o dinamismo criativo da língua portuguesa, património vivo e precioso de todos os que nela se expressam, acentuando, assim, a importância das palavras e dos seus significados na produção individual e social dos sentidos com que vamos interpretando e construindo a própria vida”. A iniciativa foi aberta a Angola e Moçambique em 2017.