Os ministros da Defesa da Guiné-Bissau e de Portugal assinaram esta terça-feira um novo programa-quadro de cooperação militar com o qual afinam estratégias no âmbito do Atlântico Norte, disse o diretor-geral da política de Defesa guineense, general Marcolino Alves.

Para o ministro de Defesa de Portugal, João Gomes Cravinho, que se encontra de visita de dois dias a Bissau, o novo quadro de cooperação significa “uma nova ambição e um salto qualitativo”, em que os dois países compreenderam que os problemas que ocorrem em África afetam a Europa e vice-versa.

Gomes Cravinho disse existir uma ambição das autoridades guineenses de reforçar e consolidar a capacidade das Forças Armadas “dentro de um quadro democrático e republicano” e que Portugal “está inteiramente disponível para trabalhar com o povo irmão da Guiné-Bissau” nesse sentido.

O diretor-geral da Política de Defesa guineense, general Marcolino Alves, revelou que a Guiné-Bissau e Portugal vão desenvolver sinergias para fazerem parte do corredor do Atlântico Norte, onde, disse, passa cerca de 80% do comércio mundial.

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“Ambos os países decidiram acordar a cooperação no domínio militar que estava adormecida”, notou o general Alves.

O ministro da Defesa guineense, Sandji Fati, destacou a satisfação com que assinou o programa-quadro de cooperação com Portugal, o que disse ter sido possível com “o fim da instabilidade política” na Guiné-Bissau.

O governante guineense apontou como desafio das Forças Armadas do país a formação, contando com Portugal, visando a sua transformação para que passem a ser republicanas, disse.

O ministro guineense disse também que a única coisa que tem a lamentar nesta visita de dois dias de João Gomes Cravinho à Guiné-Bissau é o facto de não ter conseguido levá-lo à instância balnear de Rubane, no arquipélago dos Bijagós.

Os dois governantes disseram, entre gargalhadas, que “fica para a próxima”.

Militares sem formação podem ser foco de desordem na Guiné-Bissau, aponta Diretor de Defesa guineense

O diretor-geral da Política de Defesa da Guiné-Bissau, general Marcolino Alves, afirmou esta terça-feira que militares sem formação podem ser foco de desordem no país e que Portugal vai ajudar na resolução desse problema.

O responsável guineense disse ser inaceitável que se retire uma pessoa da sua “tabanca” (aldeia), sem qualquer preparação ou formação, dando-lhe uma arma e ainda permitindo-lhe que faça a sua própria farda militar.

“Militar sem formação é foco de desordem, de instabilidade e delinquência na Guiné-Bissau”, notou Marcolino Alves.

O diretor-geral da Política de Defesa guineense falava aos jornalistas à margem da assinatura de um novo programa-quadro de cooperação entre a Guiné-Bissau e Portugal, rubricado entre os ministros da Defesa dos dois países.

O ministro da Defesa de Portugal, João Gomes Cravinho, termina esta terça-feira uma visita de trabalho de dois dias à Guiné-Bissau.

O novo programa de cooperação militar com Portugal vai assentar na formação de quadros da Defesa guineense, a partir do Centro de Instrução de Cumeré, a 40 quilómetros de Bissau, frisou Marcolino Alves.

“O Governo está a fazer um grande investimento no Centro de Instrução de Cumeré, que tem capacidade para albergar cinco mil recrutas. É a partir de Cumeré que se pode acabar com esse problema”, de militares e polícias, sem formação, observou ainda o general Alves.

Com o trabalho que vai ser feito com instrutores portugueses, o diretor-geral da Política de Defesa guineense acredita que o país passará a ter militares “com uma nova mentalidade” o que, disse, vai criar um bom ambiente com a sociedade civil e promoção do desenvolvimento do país.