Poucos jogos perdeu a Atalanta este ano. Para a Serie A, o último foi a 3 de outubro, frente ao AC Milan, e desde aí apenas na Liga dos Campeões teve desaires, frente a Manchester United e Villarreal. No terceiro lugar do campeonato italiano, a seis pontos do líder Inter, eram já dez os jogos na liga doméstica sem perder. Gian Piero Gasperini continua com o bom trabalho já do costume, com três terceiros lugares nos últimos três anos e quatro top 5 nos últimos seis anos (aconteceu um sétimo lugar).
A Atalanta, a jogar no seu estádio, recebia a Roma e precisava de ganhar para pressionar o AC Milan e fugir ao Nápoles. Já a equipa de José Mourinho tinha de ganhar, como sempre, para recuperar dos maus resultados que têm acontecido e para ultrapassar a eterna rival Lazio, para colocar a pressão na Fiorentina e a Juventus. A Roma vem de duas vitórias consecutivas, frente ao CSKA Sofia (3-2) e frente ao Spezia (2-0) com exibições pouco conseguidas. Antes disso? Duas derrotas, frente ao Bolonha e num jogo pobre frente ao campeão Inter.
Sobre o encontro deste sábado, em Bergamo, houve quem quisesse comparar os dois técnicos – Mourinho e Gasperini (seis triunfos seguidos na Seria A) -, mas o português preferiu enumerar as diferenças: “A diferença fundamental para com a Atalanta é que estou aqui há seis meses, o Gasperini está há seis anos. Essa diferença é grande, significa mais tempo de trabalho e mais transferências. São fantásticos e muito estáveis. Eram uma equipa de meio da tabela e agora lutam pela Liga dos Campeões e pelo título”.
⚽ #AtalantaRoma ⚽
L’ @Atalanta_BC è rimasta imbattuta in tutte le ultime 7️⃣ gare di #SerieATIM???? contro la @OfficialASRoma (4️⃣V, 3️⃣N) ⚡️#WeAreCalcio pic.twitter.com/2tgECzgOoA— Lega Serie A (@SerieA) December 18, 2021
“Apenas atuaram numa janela de transferências e com um trabalho reativo. Não tenho dúvidas de que amanhã [sábado] podemos vencer, temos bons jogadores, temos um grande espírito de equipa. Obviamente há muita diferença, principalmente em termos de profundidade de plantel, mas vamos para ganhar. Se me propusessem assinar o empate sem ir a Bergamo eu diria que não“, referiu o special one, que elogiou ainda o modelo da Atalanta: “Tenho treinado clubes com modelos totalmente diferentes, com mercados caros e mais direcionados para o hoje do que para o amanhã. No entanto, tenho admiração pelo perfil deste projeto [Atalanta], com contratações inteligentes desde há seis anos. Têm uma equipa forte e alcançaram estabilidade económica”.
Gasperini, na antevisão ao confronto frente aos romanos, disse que “Mourinho é um grande treinador que trouxe entusiasmo ao clube, mas em campo a história é diferente”, aludindo ao 7.º lugar dos giallorossi, a 9 da Atalanta. “Estou convencido de que podem recuperar. Estão a começar um projeto e todos os projetos precisam de tempo. A Roma é uma grande equipa apesar da posição que ocupa na tabela. Temos respeito pela Roma, mas também temos a nossa determinação e autoestima”, garantiu Gian Piero.
Mourinho não assinava o empate à priori e pelos primeiro minutos parecia ter, no hipotético e na analogia, não ter assinado o papel com razão, porque logo no primeiro minuto, com muitos ressaltos e muita sorte à mistura, algo que também é preciso num jogo de futebol, o avançado Abraham fez o 0-1.
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A Atalanta tentou reagir, Rui Patrício ainda esteve em destaque, mas foi o jovem criativo Zaniolo que fez o 0-2 numa jogada rápida. Estava a Roma com uma vantagem confortável, apesar de um golo da Atalanta poder sempre reabrir o jogo, claro, mas o encontro parecia dirigir-se mesmo para o descanso com uma diferença de dois golos. Foi quando um remate de Muriel desviou na muralha romana (Cristante) e enganou Patrício, que ainda tocou na bola (1-2).
A Atalanta entrou melhor no segundo tempo, mas a Roma mostrava-se como que confortável sem bola. No entanto, a sair a jogar, a equipa de Mourinho não estava produtiva, muito pelo contrário. Metade do trabalho estava feito para os pupilos do português, a equipa de Bergamo tinha muita posse de bola, alguns remates de fora da área, mas não dava para mais. A Roma arriscava ao jogar assim, mas pelos 65′ a coisa ainda corria bem. Para a frente, contudo, nem Zaniolo, nem Abraham. Aos 69′, numa bola parada, a Atalanta colocou a bola na baliza de Rui Patrício, mas o VAR anulou o lance por fora de jogo de Palomino. Mourinho festejou, os jogadores respiraram certamente de alívio. Havia consistência defensiva, mas um canto é sempre um canto, um livre sempre um livre, e de bola parada tudo pode acontecer.
Tanto assim é, que aos 73′ surgiu mesmo um golo de bola parada… mas para a Roma. Veretout marca um livre com muita qualidade e o central Smalling aparece à boca da baliza, ao segundo poste, a finalizar. Estava novamente uma diferença de dois golos e mais um festejo de Mourinho. Para a história do jogo fica a parte prática: ao invés de 2-2, ficou 1-3. E aos 82′, quem abriu o marcador, fechou-o. Jogada de Shomurodov, Veretout vê o remate bloqueado e Abraham coloca a bola na baliza. Estava feito o 1-4 para a Roma e o jogo estava mais do que fechado. Na época passada a Atalanta tinha aplicado também um 4-1 à equipa da capital italiana, que devolveu assim o favor, vencendo também os de Bergamo depois de sete jogos sem vencer o adversário desta tarde.
Uma das exibições mais práticas, consistentes e eficientes da Roma esta época, com muita culpa de Tammy Abraham. O avançado inglês de 24 anos que foi incansável e, para ajudar à festa, com dois golos, a começar e a acabar.
Mourinho tinha razão. E fez bem em não assinar coisa alguma que desse um empate.