O filme Francisca, do realizador português Manoel de Oliveira, estrear-se-á nos cinemas espanhóis este mês, numa versão restaurada, 40 anos depois da sua produção.

De acordo com a distribuidora independente espanhola Atalante, o filme estrear-se-á em Espanha no dia 28.

Francisca, realizado em 1981 e apresentado nesse ano no Festival de Cinema de Cannes, é uma adaptação ao cinema do livro Fanny Owen, de Agustina Bessa-Luís, que por sua vez remete para uma história verídica do século XIX.

O filme “enreda-se numa reflexão das suas duas principais personagens, José Augusto e Camilo Castelo Branco, sobre a vida e as mulheres, o amor, o fatalismo e a desgraça”, lê-se na sinopse.

Produzido por Paulo Branco, Francisca contou com interpretação de Teresa Menezes, Diogo Dória, Mário Barroso, Rui Mendes, Paulo Rocha, entre outros.

A longa-metragem encerra aquilo a que Manoel de Oliveira chamou de “tetralogia dos amores frustrados“, que inclui ainda com os filmes O passado e o presente (1972), Benilde ou a Virgem Mãe (1975) e Amor de Perdição (1978) .

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A versão restaurada de Francisca, a cargo da Cinemateca Portuguesa, teve uma primeira exibição em 2019 no Festival de Cinema de Veneza.

Manoel de Oliveira morreu em 2015, aos 106 anos, em casa, no Porto, a cidade onde nasceu a 11 de dezembro de 1908.

Da sua extensa filmografia, iniciada em 1931 com Douro, Faina Fluvial, fazem também parte, entre outros, Aniki-Bobó, Os Canibais, Non ou a Vã Glória de Mandar, Vale Abraão, A Caixa, O Convento, Party e A Carta.

A título póstumo, por vontade do realizador, estreou-se em 2015 o filme Visita ou memórias e confissões, feito nos anos 1980 e que esteve mais de 30 anos guardado e preservado nos cofres da Cinemateca.

Atualmente, na Casa do Cinema Manoel de Oliveira, no Porto, está patente a exposição “O princípio da incerteza”, que se debruça, precisamente, sobre a relação do cineasta com a escritora Agustina-Bessa Luís.

A exposição, com documentos de trabalho, guiões, manuscritos, fotografias e outro material, percorre cronologicamente as obras que resultaram desta parceria, nomeadamente Vale Abraão (1993) e Espelho mágico (2005).