Um grupo de cientistas na Alemanha esteve envolvido num estudo que revelou a rede social mais antiga do mundo: uma teia de ligações que surgiu há 50.000 anos e se alargou pelo continente africano. Diferente das redes sociais modernas, esta “teia” era utilizada de forma muito arcaica. Dependia da partilha e troca de missangas feitas de ovos de aveztruz — uma das mais antigas formas de adorno pessoal.

Este estudo, publicado na Nature, envolveu mais de 1.500 missangas encontradas em vários locais entre o sul e este de África. A investigação sugere que as pessoas que faziam estas missangas — que ainda são utilizadas nos dias correntes — trocavam-nas para pontos totalmente distantes, com o intuito de transmitir mensagens e fortalecer alianças.

É como seguir um rasto de migalhas de pão“, afirmou a autora principal do estudo, Jennifer Miller, do Instituto de Ciência Humana de Max Planck. “As missangas são pistas espalhadas pelo tempo e pelo espaço, à espera de serem vistas”.

As missangas de ovos de avestruz são das formas mais antigas de decoração pessoal. Yiming Wang, outro dos autores do estudo, afirma que “é um resultado surpreendente, mas com um padrão claro”.

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As comunidades que faziam estas trocas estavam separadas entre si por distâncias vastas, o que sugere a existência de uma rede social à distância que conseguia conectar as pessoas em regiões distantes.

Miller afirmou que “estas pequenas missangas têm o poder de revelar grandes histórias sobre o nosso passado”, sendo que foram dos primeiros adornos do mundo a representar tradições culturais, o que implica uma expressão afincada da identidade dessa comunidade.

Há 33.000 anos, o padrão do uso destes adornos alterou-se por completo, com o seu desaparecimento do sul de África, mas continuidade no este. Miller e Wang sugerem que as alterações climáticas são das razões principais para este acontecimento, pondo fim à rede social mais antiga do planeta.