Uma grande exposição de Rui Chafes, em julho, que se estende do Museu ao Parque numa relação tão estreita com a arquitetura quanto com os ciclos da natureza, constitui uma das apostas mais fortes de Serralves na programação de 2022. Alargada até janeiro, a mostra do escultor português vai contar também com momentos performativos assinados pela coreógrafa Vera Mantero, artista com quem Rui Chafes colabora desde 2004.

No plano dos destaques de monta, a palavra vai para Ryoji Ikeda, o pensador, lenda da música e da arte experimental japonesa, a quem foi encomendada uma “folly arquitetónica” para o Parque de Serralves. Ikeda responde em maio com a história da humanidade contada em 40 minutos: som, imagem e luz num pavilhão, concebido em colaboração com o arquiteto Nuno Brandão Costa, traduzem dados extraídos de fontes como a NASA, do Projeto Genoma Humano, de sequências de ADN, coordenadas galácticas, ou da física quântica.

Notas, no que respeita a exposições no Museu, para a obra de nomes como Tarek Atoui. O libanês chega já  em fevereiro com os registos sonoros feitos em cais e portos de cidades como o Porto ou Atenas, Beirute ou Singapura. “Water’s Witness”, assim se intitula a mostra tem uma forte componente ambiental presa precisamente ao ciclo da vida e contaminará o Parque com outros momentos sonoros. Do Brasil chegam José Leonilson e Rivane Neuenschwander, com ofertas artísticas que vão do desenho à pintura, em março e setembro, respetivamente.

Num plano mais alternativo, espaço para o francês David Douard e a sua experiência escultórica arrancada da web, e para a portuguesa Vera Mota, também no domínio da escultura. Importante ainda, uma exposição de desenhos de Maria Antónia Siza, na Biblioteca, de julho a janeiro de 2023, e, em abril, obras de Ana Jotta que fazem parte da coleção.

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A sensibilização ambiental, um dos temas em evidência na programação deste ano, estende-se obviamente ao Parque de Serralves, que assume uma parte muito significativa das propostas artísticas e de cariz científico. “A Arte dos Cogumelos”, uma exposição com curadoria de Francesca Gavin, vai trazer ao Porto a temática dos fungos do ponto de vista das novas descobertas científicas e do investimento feito nessa domínio, mas também a relação do homem com a Natureza enquanto fonte de espiritualidade e de força e através da sua representação ao longo dos tempos.

Conte-se com fotografia, pintura, escultura, cerâmica, colagem e cinema. Em matéria de exposições ainda em realce “Fictional Forests” e “Burned Cork – Resilience”. No entanto, é a árvore e a nossa relação com ela o tema central do ano no Parque de Serralves. Durante todo o ano, os projetos “Somos Árvores” e “As Plantas, O Carbono e o Clima”, marcam de forma veemente as preocupações ambientais da comunidade e a sua forma de se relacionar com a sustentabilidade num momento em que a reflexão só já não dita a solução, que passa, obviamente, pelo comportamento de cada um.

Na Casa do Cinema Manoel de Oliveira, o ano é dedicado à grande realizadora francesa recentemente falecida, Agnès Varda, de junho a dezembro, ao “Princípio da Incerteza”, a relação entre Manoel de Oliveira e a escritora Agustina Bessa-Luís. Uma nota ainda para os trabalhos de François Reichenberg.