Mais um encontro, mais uma barreira entre o deve e o parece. Olhando para os quartos do Europeu de futsal, Portugal poderia ter na teoria a missão menos complicada, tendo em conta que haverá cruzamentos entre o Cazaquistão e a Ucrânia e entre a Rússia e a Geórgia. No entanto, e tendo em conta também o crescimento da Finlândia nos últimos anos, essa era uma mera aparência. E nem mesmo as três vitórias inequívocas na fase de grupos com Sérvia, Países Baixos e Ucrânia, algo que apenas os russos tinham também conseguido nos jogos iniciais, levava a um baixar da guarda no discurso do selecionador. Para dentro e para fora.

“Chegámos à fase das finais e esta é a final para nos mantermos cá até ao último dia. Só queremos ir embora no dia 7 e é este jogo que define isso. Depois, vamos atrás do resto. Para querermos outros patamares, temos de nos manter na competição até ao final e, para tal, temos de vencer este jogo, que é uma final para nós. A Finlândia tem um nível de jogo muito interessante e fazem as coisas simples bem feitas. É um adversário complicadíssimo. A ver se terminamos por aqui a surpresa deles, que já chega”, comentara Jorge Braz na antecâmara do encontro, recordando também o empate no último jogo particular entre ambos (2-2).

“A experiência e o facto de sermos campeões europeus e mundiais em título não vale de nada. Há sempre coisas para afinar. Terminámos o Mundial e já estava com a sensação de coisas que, para a próxima, se tinha de afinar. Sinto toda a gente com uma confiança, um acreditar e uma vontade de ser Portugal fabulosa. Mas a Finlândia é das seleções mais competitivas e alegres simultaneamente, o que nem sempre é fácil. Temos também de jogar com esse prazer de ser Portugal e com essa confiança. Temos de estar muito atentos à forma competitiva, dinâmica e alegre com que a Finlândia encara sempre todos os jogos”, acrescentara.

As dificuldades confirmaram-se na plenitude, com mais qualidade coletiva do que tinha sido apresentada pela Ucrânia e maior capacidade de fazer mossa nos lances de estratégia. No entanto, com o melhor de sempre Ricardinho nas bancadas do Ziggo Dome em Amesterdão, Portugal conseguiu superar outro obstáculo tendo mais uma vez Afonso Jesus em plano de destaque com dois golos (e uma taxa de eficácia acima do normal) e já está nas meias do Europeu, onde irá defrontar o vencedor do Espanha-Eslováquia.

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Autio até deixou a primeira ameaça junto a uma das balizas, surgindo sozinho na área para desviar ao lado da baliza de Portugal também pela boa “mancha” que André Sousa conseguiu fazer saindo rápido da baliza (1′). No entanto, e confirmando a maior qualidade com bola, a Seleção não iria demorar até inaugurar o marcador por Afonso Jesus, surgindo de forma oportuna na área depois de uma jogada fabulosa de 1×1 de Pany Varela (4′). Junno ainda teve mais um remate com perigo mas era Portugal que assumia a partida e com volume ofensivo para aumentar o marcador, como aconteceu num remate de André Coelho ao poste, até ao golo do empate na sequência de uma bola parada, com Hosio a encostar com o peito ao segundo poste (10′).

Mesmo sendo melhor, mesmo estando melhor, bastou uma distração para Portugal ver a vantagem mínima que tinha ser diluída. Como tantas vezes Jorge Braz sublinha, em treino ou nos descontos, o pormenor pode fazer a diferença e foi isso que aconteceu num lance que acabou por colocar a Seleção a criar ainda mais e a chegar ao intervalo na frente com novo golo de Afonso Jesus após reposição pela lateral trabalhada de Bruno Coelho (15′) e com algumas oportunidades flagrantes não convertidas por André Coelho e Fábio Cecílio. Com mais dificuldades nas ações ofensivas, os finlandeses criaram apenas uma boa chance entre os testes 5×4 que foi fazendo, com um inesperado tiro do guarda-redes Savolainen que bateu ainda no poste.

O segundo tempo voltou a começar com Portugal melhor, a cometer duas faltas cedo sem que isso tivesse um reflexo na postura defensiva, e teve remates perigosos por André Coelho, Afonso e Zicky Té, que mesmo no chão conseguiu ainda esticar a perna para ver um jogador finlandês evitar o golo em cima da linha. O terceiro golo parecia uma questão de tempo mas acabou por ser de novo a Finlândia a empatar e de novo através de uma bola parada, com remate de Autio a bater ainda no poste mas a entrar na baliza de André Sousa (27′). A forma como a Seleção sofreu o golo contra a corrente do jogo podia ter mexido com a equipa mas um lance de inspiração de Miguel Ângelo na esquerda com remate cruzado fez o 3-2 apenas três minutos depois. Mesmo a defender em 5×4, não mais o conjunto nacional perderia a vantagem e segurou as meias do Europeu.