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Pelo menos 136 pessoas morreram nos últimas dias em resultado das fortes chuvas que atingiram com grande rapidez a cidade brasileira de Petrópolis, criando uma situação “quase bélica”, segundo fontes oficiais citadas pela Globo.

O balanço de mortos já aumentou várias vezes e ainda deverá ser atualizado, já que o número de desaparecidos na localidade, de 300 mil habitantes, localizada 60 quilómetros da cidade do Rio de Janeiro, já chegou aos 213, como confirmou a Polícia Civil. No entanto, já nesta quinta-feira à noite (hora de Lisboa), foi necessário parar as buscas, devido ao perigo de deslizamento de terras e tendo em conta que se continuaram a registar períodos de chuva fortes.

Neste momento há 89 corpos identificados, cujos nomes foram divulgados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Desses, 22 são menores, diz a Globo. Há ainda 24 pessoas resgatadas com vida, segundo a secretaria de Estado da Defesa Civil do Brasil.

De acordo com a Folha de São Paulo, há ainda 705 pessoas que estão a ser acolhidas em espaços públicos de Petrópolis como escolas e igrejas, uma vez que neste momento estão desalojadas. Na tarde de quinta-feira, a situação voltou a complicar-se depois de um deslizamento de terras, que obrigou à evacuação do bairro 24 de maio.

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Petrópolis. “Vivemos um terror”

Petrópolis, a cerca de 70 quilómetros do Rio de Janeiro, acumulou 259 milímetros de chuva em seis horas, na tarde e noite de terça-feira, de acordo com fontes da defesa civil. Mas a situação ainda pode piorar: a Defesa Civil Municipal brasileira já emitiu um aviso de mau tempo para o período da noite e fala em”muitas nuvens, previsão de temporal com chuva forte, mais intensa na região norte do município e durante a madrugada”. A chuva deverá dar tréguas no fim de semana.

A Prefeitura de Petrópolis e o Corpo de Bombeiros, citados pelo canal Globo apontam para 117 mortos, embora não seja de excluir que o número de vítimas possa aumentar durante os próximos dias dado ao número indeterminado de desaparecidos.

O gabinete do Presidente da Câmara declarou o estado de calamidade pública, a fim de atender às vítimas e facilitar o trabalho de salvamento.

De acordo com fontes oficiais, pelo menos 171 deslizamentos de terras foram notificados no distrito de Petrópolis. O número de casas destruídas é próximo das 200, de acordo com um balanço provisório.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, descreveu aos jornalistas a situação, referindo-se a um cenário “quase como uma guerra”. “Temos visto veículos derrubados, muita lama e ainda muita água”, acrescentou.

O governador salientou que a tragédia ocorreu “de um dia para o outro” e indicou que, em apenas duas horas, a queda de água atingiu os 200 milímetros. “Foi a pior chuva desde 1932. Realmente, foram 240 milímetros em coisa de duas horas. Foi uma chuva altamente extraordinária”, explicou.

Os 259 milímetros acumulados em seis horas em Petrópolis foram ainda mais do que a previsão para todo o mês de fevereiro, que foi de 238 milímetros.

“É uma quantia absurda e infelizmente não pudemos salvar todas as pessoas”, lamentou.

Esta não é a primeira vez que a região montanhosa do Rio foi atingida por fortes tempestades, pois foi também o cenário, em 2011, da maior tragédia meteorológica alguma vez registada no Brasil, quando as tempestades provocaram mais de 900 mortos e uma centena de desaparecidos.

Para a cidade foram mobilizados 20 camiões, 20 retroescavadoras, 10 escavadeiras hidráulicas e 10 camiões-cisterna, além de veículos com medicamentos e ambulâncias.

A prefeitura de Petrópolis decretou “estado de calamidade” e luto de três dias.

Jair Bolsonaro, que está de visita à Rússia, já deixou no Twitter uma mensagem de apoio às populações atingidas pelas fortes chuvas e deslizamentos de terra.

Portugal lamenta mortes provocadas pela chuva na cidade brasileira de Petrópolis

O Governo de Portugal divulgou esta quarta-feira uma mensagem lamentando a perda de dezenas de vidas em razão da forte chuva que atingiu Petrópolis, cidade brasileiro localizada no estado do Rio de Janeiro.

Lamentamos a perda de dezenas de vidas em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, consequência das cheias e desabamentos provocados pelas fortes chuvadas que atingiram a região”, diz a mensagem publicada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros na rede social Twitter.

“Exprimimos a nossa solidariedade para com todos os que estão sendo afetados por esta tragédia”, acrescentou o Governo português.

Já na quinta-feira foi a vez de Marcelo Rebelo de Sousa emitir uma nota, enviada ao presidente brasileiro, expressando a sua “profunda consternação e tristeza” por tomar conhecimento das “trágicas consequências causadas pela derrocada (…) que resultaram na perda de numerosas vidas humanas, muitos desaparecidos e desalojados, e em avultados prejuízos materiais”. Marcelo transmitiu assim condolências em nome próprio e do povo português e solidariedade para com os brasileiros.

Esta sexta-feira, o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, transmitiu ao seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, solidariedade pelas chuvas. “Com muita tristeza recebemos a triste e infeliz notícia das inundações e deslizamentos de terra causados pelas fortes chuvas torrenciais, que causaram a morte de mais de 94 pessoas e danos materiais consideráveis”, lê-se na nota publicada no site do Governo da Guiné Equatorial.

Petrópolis, cidade refúgio da corte imperial no Brasil, arrasada pelas cheias

Neste artigo, o Observador recorda como Petrópolis se tornou um destino turístico de eleição depois de ter sido fundada em 1843 pelo imperador D. Pedro II, filho de D.Pedro I, o rei português que foi também o primeiro imperador do Brasil, e ter chegado a funcionar como o destino de férias da corte portuguesa durante o verão.