Aviso: a fotogaleria acima contém imagens de sexo explícitas

Vai ser exibida em Pompeia, a partir de 14 de abril, uma exibição dedicada à obsessão dos antigos habitantes da cidade romana pela arte erótica.

A exposição, como explicou o diretor do Parque Arqueológico de Pompeia, Gabriel Zuchtriegel, ao The Times, “vai incidir sobre o modo relaxado como os habitantes da cidade condenada viam as imagens sexuais“, e procura relacionar os artefactos de arte com o seu contexto histórico, cultural e sociológico.

O erotismo estava em todo o lado, nas casas, nos banhos e nos espaços públicos graças à influência dos gregos, cuja arte retratava frequentemente a nudez”, explicou.

Isto porque, como esclareceu Gabriel Zuchtriegel à agência de notícias italiana ANSA, estes frescos e pinturas não tinham uma função de chocar, focando-se em retratar alguns dos aspetos sociais que advinham das relações entre os romanos e os gregos. O diretor do Parque deu alguns exemplos destas relações culturais.

Em Roma, e em Pompeia, os homens de poder falavam grego e a arte era feita nos teatros com recurso à língua grega, pelo que a mitologia grega e a sua nudez eram consideradas refinadas. Estas representações eróticas, portanto, partem da cultura grega e são elementos que tinham uma função social, e que representavam um código cultural”, afirmou Gabriel Zuchtriegel.

Destruída — ou melhor, enterrada — durante a erupção vulcânica do Monte Vesúvio em 79 d.C., uma das escavações do século XVIII levou à descoberta de uma representação de Priapus, o deus da fertilidade, a pesar o seu pénis numa balança. As imagens do pénis, como explica o The Times, eram associadas à saúde, fertilidade e boa sorte nas casas da cidade. Quando o rei de Nápoles, contudo visitou o local arqueológico em 1819, ordenou que as obras de arte com conotações eróticas fossem escondidas, podendo apenas ser vistas por “pessoas de idade mais avançada e moral respeitável”.

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Na exposição vai ser exibida pela primeira vez uma carruagem cerimonial decorada com medalhões de bronze que retratam sátiros, ninfas e cupidos a “desfrutar de um encontro erótico”, afirmou o diretor. Em exibição vão estar ainda painéis de uma villa perto de Pompeia onde foram retratados casais a fazer sexo em diferentes posições, o que “indica que estas imagens não eram restritas aos bordeis”.

Em julho do ano passado, um bordel da antiga cidade tinha reaberto ao público, depois de ter fechado durante parte da pandemia da Covid-19 para trabalhos de restauração.

Os corredores da casa de prostituição, como explicou o The Telegraph, possuem frescos que retratam cenários de prostitutas a entreter os seus clientes.

O bordel de Pompeia foi um edifício de dois andares dedicado à prostituição, um ofício que era também praticado nas casas e estalagens. É conhecido pela sua coleção de pinturas com cena eróticas que decoram os corredores do andar inferior, ilustrando-o como uma espécie de catálogo dos serviços que eram oferecidos”, explicou o Parque Arqueológico, citado pelo Telegraph.

O edifício, que sobreviveu à erupção vulcânica, foi escavado pela primeira vez em 1862. As prostitutas que aqui trabalhavam na Antiguidade Clássica, possuíam pequenas celas, com camas de pedra ou madeira. Cortinas, e não portas, isolavam estes espaços.