Em Inglaterra, um condutor estacionou o seu carro em propriedade alheia, o que desagradou ao proprietário do terreno, um agricultor que, escudado por uma decisão judicial que remonta a 1604, destruiu o veículo invasor e acabou por não ser condenado.

A notícia foi publicada pelo The Guardian e conta a história de Robert Hooper, um agricultor de 57 anos que tratava da sua propriedade, em Newbiggin-in-Teesdale, no norte de Inglaterra, a meio caminho entre Leeds e Edimburgo, quando reparou num Vauxhall/Opel Corsa com dois ocupantes, estacionado no seu terreno e bloqueando-lhe o acesso à estrada. Hooper disse em tribunal que informou “de forma educada” os ocupantes do veículo que não podiam estar no local, tanto mais que era um dia agitado na quinta. Segundo ele, o passageiro reagiu mal. Charlie Burns, de 21 anos, saiu do carro e agrediu o agricultor com dois murros.

Apurou o tribunal que Burns, depois de estar a beber com uns amigos, alegadamente sete cervejas, se predispôs a voltar a pé para casa, que ficava “só” a 52 milhas de distância, cerca de 84 km. Quis a sorte ou, neste caso, o azar que Burns visse o carro do seu amigo Elliott Johnson estacionado no terreno de Hooper, por ter furado dois pneus. Os dois jovens combinaram então que iriam esperar juntos.

Depois da primeira troca de palavras – e também de empurrões e murros –, Hooper decidiu que se os invasores não retiravam voluntariamente o carro que lhe bloqueava o caminho, ele trataria de o fazer sozinho. Aos comandos de um tractor empilhador, levantou a traseira do Corsa e, além de o ter virado ao contrário, empurrou-o até à estrada, arrastando-o pelo asfalto. E depois, como esta “deslocação” lhe estava a correr bem, arrastou um pouco mais o automóvel, aparentemente com o condutor ainda a bordo. Como Burns alegadamente o tentava agredir, o agricultor utilizou as lâminas do empilhador para derrubar o jovem, fazendo lembrar o filme Alien de 1979, quando Sigourney Weaver venceu o monstro com um empilhador robotizado.

Com a propriedade desimpedida e o agressor no chão, a maior surpresa estava ainda para vir. É que durante o julgamento, o advogado de Hooper recuou até 1604, recuperando uma decisão do juiz Sir Edward Coke, considerado o melhor jurista dos séculos XV e XVI, que estabeleceu precedência legal. Nela é possível ler que “a casa de um homem inglês é o seu castelo”, devendo por isso ser defendido de ataques, ideia que o representante de Hooper reforçou ao afirmar que “o castelo” do seu cliente “começa logo no portão da entrada”. Isto libertou-o das acusações de danos criminais e condução perigosa.

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