O grupo Super Bock admite à Lusa que se tornou “inevitável ajustamentos pontuais” nos preços, depois de sentir um “aumento generalizado da energia e combustíveis”, bem como de outras matérias imprescindíveis à produção das bebidas.

Contactada pela Lusa, fonte oficial do grupo salientou que “entre as consequências conhecidas encontra-se não só o aumento nos custos dos cereais como também de outras matérias-primas que são imprescindíveis à produção das” suas bebidas, “como são o vidro e o PET, além do aumento generalizado da energia e combustíveis”.

Este contexto “tornou inevitável ajustamentos pontuais [ao nível dos preços], que estamos a tentar minimizar na medida do possível”, acrescentou.

De acordo com o Super Bock Group, “esta é uma crise que ainda está no início”, pelo que está “a acompanhar o evoluir da situação para perceber os seus reais impactos”. No entanto, “a expectativa de todos é que seja possível terminar este conflito armado brevemente e a paz possa ser restabelecida, minimizando os seus efeitos que já são devastadores”, acrescentou.

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“Ainda assim, e não apenas por causa desta crise, temos vindo a desenvolver nos últimos anos vários projetos que permitem à empresa não utilizar tantos recursos na produção dos seus produtos e, como tal, temos vindo a reduzir os consumos de energia na nossa fábrica e centros de produção e nos combustíveis”, salientou a mesma fonte.

“Temos igualmente vindo a tentar atenuar a nossa exposição a variações de preço nas principais matérias-primas”, apontou, salientando que o grupo tem uma política geral de cobertura de riscos de mercado neste âmbito. “Recorremos habitualmente a mecanismos de proteção financeira (‘hedging’)”, explicou. Por sua vez, “temos conseguido otimizar a capacidade do transporte no sentido de minimizar o número de camiões necessários para movimentar os nossos produtos”, acrescentou a Super Bock.

Através das parcerias com vários clientes retalhistas “temos vindo a reduzir o número de viagens de camiões vazios, via recurso ao ‘backhaul’ (viagens de retorno)” e “dispomos também de uma frota mais ‘verde’ que inclui viaturas mais eficientes e menos poluentes para distribuição dos nossos produtos, nomeadamente em centros históricos”, disse.

Desde modo, “temos conseguido mitigar não apenas o impacto ambiental, mas também atenuar os impactos nos custos de transporte, tema especialmente crítico nos dias atuais”, concluiu.

A concorrente Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC), dona da Sagres, também contactada pela Lusa, diz não prever problemas de fornecimento de matérias-primas, uma vez que não depende dos fornecimentos da Ucrânia e Rússia. “Os dois principais impactos na SCC passam pelo reflexo do aumento no gás natural e da eletricidade, bem como do combustível utilizado nos transportes”, afirmou fonte oficial da empresa, quando questionada sobre o impacto da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que tem impulsionado o aumento do preço dos cereais.

“Não prevemos, por ora, problemas de fornecimento de matérias-primas, nem dependemos de fornecimentos das zonas em conflito”, acrescentou a mesma fonte. Não há referência na notícia da Lusa sobre a Sagres aos preços praticados por esta empresa.