A leitura do acórdão do julgamento de 31 elementos ligados à claque não autorizada do Benfica No Name Boys ficou marcada para 4 de julho, anunciou esta quinta-feira o coletivo de juízes no Tribunal Judicial de Sintra.

Depois da segunda e última sessão destinada a alegações finais, nas quais todos os advogados pediram a absolvição dos seus constituintes, o presidente do coletivo de juízes reconheceu a “natureza urgente” do processo, que é prioritário por ter seis arguidos em prisão domiciliária, mas também a necessidade de tempo para “uma análise tão rigorosa da prova quanto possível”, realçando que esta é “extensa”.

“A leitura será ainda antes das férias judiciais, em 4 de julho de 2022, ponderada a natureza urgente dos autos, bem como a excecional complexidade”, afirmou o juiz-presidente Bruno Gorjão, do Juízo Central Criminal de Cascais, clarificando que a leitura terá início pelas 14h00. Devido a condições logísticas, o julgamento deste processo tem decorrido em Sintra.

Na sessão desta quinta-feira, os advogados de sete arguidos fizeram ainda as suas alegações, coincidindo no tom crítico à acusação do MP. Rui Miguel Mortal, que representa o arguido Mário Gomes, condenou “veementemente a acusação”, enquanto Lizângela Almeida, advogada de Bruno Melo, considerou-a “um mau exemplo do Direito que se pratica” em Portugal.

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Ato contínuo, Rita Castela, que representa Luís Jesus, assumiu ter ficado “sem perceber o que o arguido tinha feito”, e a advogada Soraia Quarenta, em defesa do constituinte Fábio Pereira (acusado de nove crimes de ofensa à integridade física qualificada), recorreu ao humor para criticar a ausência de prova feita em tribunal: “O arguido Fábio Pereira é um excelente jogador de bowling, porque com um arremesso acerta em nove”.

Por último, Miguel Fonseca, advogado do adepto do Sporting agredido (que se constituiu como assistente), vincou que em relação a João Paulo Araújo os “factos imputados foram dados como provados inequivocamente”, mas rejeitou uma condenação generalizada dos arguidos somente por seguirem e defenderem o seu clube.

“Não consigo conceber que estejam aqui por pertencer a uma determinada agremiação. Eles têm direito a ser cidadãos e a serem julgados por aquilo que cada um fez individualmente. Não podem ser julgados por gostarem do Benfica tanto como eu gosto do Sporting”, disse o advogado, que chegou a representar em 2020 o ex-presidente dos leões Bruno de Carvalho no processo relativo ao ataque à Academia de Alcochete, ocorrido em 15 de maio de 2018.

À exceção do arguido Rafael Palminha, que usou do direito de falar em tribunal para rotular como “falsos” os factos que lhe são imputados no processo, os restantes arguidos optaram por não acrescentar mais nada às alegações dos respetivos advogados.

Por sua vez, o Ministério Público (MP) defendeu nas suas alegações, realizadas no passado dia 21 de fevereiro, a condenação de três dos 31 arguidos pelo crime de homicídio qualificado tentado de um adepto do Sporting. Por outro lado, foi pedido pelo MP a absolvição dos outros dois arguidos acusados do ataque a João Paulo Araújo, no Estoril, em maio de 2020, no Estoril.

Em causa neste julgamento está a agressão ao adepto do Sporting João Paulo Araújo, em maio de 2020, no Estoril, mas os arguidos são também suspeitos de, na noite de 4 de junho, fazerem parte do grupo que atacou à pedrada o autocarro do Sport Lisboa e Benfica a caminho do centro de estágio do clube, no Seixal, e que poucas horas depois vandalizou a residência do então treinador do clube, Bruno Lage.