As 21 voltas da corrida sprint do Grande Prémio da Emília-Romanha deixaram vários sinais em relação ao que podia ser a prova do dia seguinte: 1) a vitória andaria sempre entre os Ferrari e os Red Bull, sendo que a gestão de pneus de Max Verstappen e a velocidade de Sergio Pérez colocavam a equipa italiana a fazer uma revisão da estratégia; 2) a McLaren conseguiu agarrar a vaga como terceira equipa após um início difícil e perante todas as dificuldades da Mercedes (sobretudo de Lewis Hamilton); 3) a competitividade das posições finais no top 10 estava ao rubro entre várias equipas como Alpine, Haas ou Alfa Romeo.

No entanto, e mais uma vez, as atenções voltavam a centrar-se em Charles Leclerc e Max Verstappen, com o neerlandês a ter a melhor resposta possível depois das desistências quer no Bahrain, quer na Austrália e a conseguir vencer a corrida sprint com a grande ultrapassagem ao monegasco na penúltima volta.

“O meu arranque foi muito mau. Não sei exatamente o que aconteceu ou porque foi tão mau mas as rodas patinaram muito. Depois disso tivemos de manter a calma e no início parecia que o Charles [Leclerc] tinha mais ritmo mas depois conseguimo-nos aproximar e fazer a manobra na curva 2. Amanhã [Domingo] poderá ser diferente mas começar hoje com este composto (pneus macios) foi bom. Estou muito contente por ter tido uma corrida sprint limpa. Sei que amanhã é um dia diferente, com outros compostos a entrar em jogo, mas hoje tivemos um dia bom”, resumiu o campeão mundial da Red Bull, numa semana em que Leclerc falou da rivalidade com o neerlandês recordando os tempos no karting.

“A nossa luta vai ser muito apertada. Sempre foi. Nos karts era eu ou ele e, num certo momento, odiávamo-nos e as corridas não terminavam da melhor maneira. Mas, para ser honesto, não sou alérgico a Hamilton ou Verstappen. Enquanto eu e o Max lutávamos nos karts e nas fórmulas juniores já o Lewis estava na Fórmula 1. Agora posso lidar muito bem com os dois, são dois pilotos que quero ultrapassar na pista. Apenas temos estilos muito diferentes. Uns dias ganha um, noutros ganha o outro. Mas gosto disso. Estou muito animado. Após as três primeiras corridas tudo correu como desejávamos e parece que temos um carro muito forte este ano. Sei que no passado tivemos muito apoio aqui, por isso é especial estar nesta posição”, comentara numa entrevista ao Corriere della Sera sobre o regresso às provas em Ímola.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No entanto, a pista molhada mudou por completo todas as contas e logo na segunda curva a Ferrari tinha deitado quase todo o trabalho feito por terra: Leclerc arrancou bem mas a diferença de tração dos pneus foi evidente, sendo ultrapassado por Sergio Pérez e Lando Norris, e Carlos Sainz acabou por ser tocado por Daniel Ricciardo, ficando logo de fora da corrida e motivando a presença de safety car durante três voltas. Um pouco mais atrás, George Russell conseguiu dar um bom salto na classificação passando para sexto atrás do mais uma vez surprendente Kevin Magnussen, ao passo que Hamilton rodava em 12.º.

Fernando Alonso teve de passar pelas boxes e ficou praticamente de fora da corrida, Leclerc passou Lando Norris à oitava volta. As bancadas celebravam a ultrapassagem como se de um golo se tratasse mas agora iria começar o verdadeiro desafio do monegasco, que tinha mais de três segundos de distância de Pérez. E à 20.ª volta, por breves segundos, conseguiu passar depois da ida às boxes mas o mexicano não demorou a recuperar o segundo posto, voltando a ganhar dois segundos de diferença para o piloto da Ferrari.

Tudo parecia mais ou menos decidido com o passar das voltas, havendo apenas a dúvida de quem e quando voltaria a passar pelas boxes. No entanto, e nove voltas do final, mais um golpe de teatro a deixar ainda mais em choque toda a massa adepta da Ferrari em Ímola: quando estava a meio segundo de Pérez mesmo que não tivesse de forma aparente muitas hipóteses de ultrapassagem, um erro de Leclerc fez com que saísse de pista, danificasse a parte da frente e descesse para a nona posição, começando aí uma corrida contra o tempo para tentar subir ainda alguns lugares. Acabou em sexto, à frente de Tsunoda, Vettel e Magnussen mas atrás ainda de George Russell e Valtteri Bottas mas o pesadelo da Ferrari deu asas a um fim de semana de sonho da Red Bull que acabou com 1-2 e a volta mais rápida.