Um grande dia também a nível de estratégia para a Jumbo, um dia de incógnita sobretudo a nível para a Team UAE Emirates, um dia de certeza também a nível de estratégia da Ineos. A sétima etapa do Giro, uma ligação de quase 200 quilómetros entre Diamante e Potenza, colocou nomes mais conhecidos na frente da fuga que iria ter sucesso com três minutos de avanço sobre o que sobrava do pelotão e três neerlandeses entre quatro corredores na luta pela vitória. Tom Dumoulin trabalhou, Koen Bouwman foi mais forte nos metros finais do que Bauk Mollema, a Jumbo ganhou a tirada, a Trek manteve Juanpe López de rosa. No meio deles, a acabar no terceiro posto, estava Davide Formolo. E essa era a grande incógnita.

Dumoulin preparou, Bouwman ganhou: Jumbo brilha na chegada a Potenza, Almeida faz segundo top 10 do Giro (e continua em sétimo)

Ao contrário do que se viu na Ineos ou na BikeExchange, a UAE Emirates lançou uma pedra que seria (e será) importante na defesa de João Almeida quando começarem as verdadeiras decisões na montanha. E foi isso que causou dúvidas em relação ao conjunto que tem também Rui Costa e Rui Oliveira: qual seria o objetivo de tamanho desgaste? Possibilitar que Formolo possa lutar pela camisola azul da montanha? Ter uma janela de oportunidade para ganhar uma etapa? Só as próximas etapas poderão dizer. E se era certo que a chegada a Blockhaus deste domingo irá fazer uma primeira verdadeira seleção entre candidatos com grande potencial de mudar a camisola rosa, a passagem por Nápoles abria espaço a surpresas.

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De forma quase surpreendente, Mathieu van der Poel, que liderou o Giro até à chegada ao Etna, começou a fuga do dia sozinho antes de ser depois alcançado por um quase mini pelotão de 20 corredores. Quem ia lá na frente além do corredor da Alpecin? Andrea Vendrame, Lilian Calmejane, Fabio Felline, Harold Tejada, Wout Poels, Jasha Sutterlin, Davide Gabburo, Guillaume Martin, Simone Ravanelli, Edoardo Zardini, Mirco Maestri, Samuele Rivi, Biniam Girmay, Thomas De Gendt, Sylvain Moniquet, Harm Vanhoucke, Jorge Arcas, Mauro Schmid, Mattias Jensen e Diego Ulissi (único da UAE Emirates).

Lá atrás, num pelotão que estabilizou o atraso abaixo dos três minutos, a Bahrain seguia particularmente ativa abrindo um de dois cenários possíveis: se a fuga fosse neutralizada, nomes como Arnaud Démare ou Caleb Ewan podiam entrar na luta pela vitória; se a fuga aguentasse até ao final, Mathieu van der Poel e Biniam Girmay estavam na pole position pelo triunfo. E o neerlandês foi fazendo questão de colocar mais em cima da mesa o segundo cenário, partindo de quando em vez o grupo da frente como costuma fazer nas clássicas para garantir que era ali que estava o triunfo da oitava etapa por antigas terras de Maradona. 

A estratégia de van der Poel fazia sentido mas o neerlandês acabou por sofrer da falta de solidariedade do grupo que ficou quando houve um ataque de Vanhoucke, De Gendt, Ravanelli, Gabburo e Jorge Arcas sem ajuda na resposta quando a desvantagem passou dos 20 segundos. Mais tarde, os 15 fugitivos restantes ainda se separaram, com Mauro Schmidt a dar o mote para van der Poel, Girmay, Wout Poels e Guillaume Martin saírem na perseguição aos líderes ainda que sem a força que entretanto se tinha perdido. A pouco menos de 18 quilómetros, a diferença entre os dois grupos passava os 40 segundos, com o pelotão já a 4.14 e a Trek a tentar perceber que tipo de movimentações poderia ter para segurar a camisola rosa.

Parecia que os candidatos ao triunfo na etapa já estavam fechados mas Mathieu van der Poel e Biniam Girmay a conseguirem reduzir para dez segundos a desvantagem. Não chegou mas valeu pela capacidade de ambos a darem tudo por uma oportunidade que não chegou e que não impediu a vitória daquele que foi o grande destaque do dia, Thomas De Gendt, que ganhou pela segunda vez uma etapa do Giro e pela sétima ocasião uma tirada numa grande volta. Ficava apenas por saber se existiria ou não mudança na camisola rosa, algo que não se confirmou com Juanpe López a segurar por mais um dia a liderança. A única mexida na frente foi a subida de Guillaume Martin a quarta posição, fazendo com que Yates, Kelderman, João Almeida, Pello Bilbao, Bardet ou Carapaz descessem um lugar antes de nova tirada em montanha.