O Metropolitano de Lisboa não deverá funcionar no prolongamento da noite de Santo António devido à greve ao trabalho suplementar e eventos especiais no mês de junho, porque a proposta apresentada pela empresa aos sindicatos é considerada “muito insuficiente”.
Na noite de Santo António, de 12 para 13 de junho, as linhas Verde e Azul passaram a ter o horário prolongado (depois das 01h00) devido às festas populares, que voltam agora à rua depois de dois anos sem se realizarem, devido à pandemia de Covid-19.
Em declarações à Lusa, Anabela Carvalheira, da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), explicou esta quinta-feira que nos plenários ocorridos na quarta-feira os trabalhadores da transportadora, que já realizaram este ano várias paralisações com suspensão do serviço, decidiram manter o pré-aviso de greve ao trabalho suplementar e aos eventos especiais durante o mês de junho, o que abrange a noite da festa.
“As organizações sindicais continuam disponíveis para encontrar a solução assim haja vontade política por parte da tutela ou indicações ao conselho de administração do metro”, disse Anabela Carvalheira.
A sindicalista frisou também que “nesta altura não está assegurado o serviço especial” na noite de Santo António, sublinhando que, apesar de não estar agendada qualquer reunião com a administração da empresa ou com a tutela, isso “não significa que a qualquer hora não possa existir”.
De acordo com a sindicalista, foi também apresentado um pré-aviso de greve de 24 horas para o dia 26 de junho.
Segundo Anabela Carvalheira, o Metro de Lisboa encontra-se com “muita falta de trabalhadores na área operacional“, considerando que “é quase impossível, para resolver o problema da OP [trabalhadores maquinistas e os trabalhadores chefia do posto de comando central], encontrar uma solução” que agrade aos funcionários.
“Por outro lado, em relação à negociação coletiva, a matéria apresentada pelo conselho de administração foi muito insuficiente para os trabalhadores que há muitos anos não veem melhoradas as suas condições salariais”, explicou a responsável, salientando que na proposta apresentada iriam ser retirados benefícios aos trabalhadores já firmados no Acordo de Empresa. Anabela Carvalheira reiterou ainda que a proposta era impossível de aceitar.
Em 27 de maio, a administração do Metro de Lisboa comprometeu-se a reduzir a oferta do serviço para não sobrecarregar mais o horário dos funcionários, adiantaram, na altura, os sindicatos representativos dos trabalhadores, à saída de uma reunião com o Governo.
Nesse dia, em que se cumpria mais uma greve, os quatro sindicatos representativos estiveram reunidos com o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, e com o presidente do conselho de administração, Vítor Santos.
“Acabou por ser assumido que o conselho de administração vai tentar fazer um esforço, a partir de segunda-feira [30 de maio], para nos apresentar uma proposta de um horário que venha reduzir a oferta e aliviar o peso que está sobre os trabalhadores operacionais, mas é insuficiente. Ficou de se ver também algumas respostas que ficaram pendentes e que seriam dadas durante a próxima semana”, apontou, na ocasião.
Anabela Carvalheira ressalvou que esta medida de redução da oferta será tomada pela empresa enquanto não existir um aumento do número de operacionais, situação que, para a sindicalista, é a origem dos “principais problemas que existem no Metropolitano de Lisboa”.
Ainda em maio, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, que tutela os transportes urbanos, admitiu que o Metropolitano de Lisboa precisa de mais trabalhadores e disse que até ao final do mês de junho seriam iniciados os procedimentos para essas contratações.