Um juiz dos EUA decidiu arquivar a queixa por alegada violação interposta por Kathryn Mayorga contra Cristiano Ronaldo. A informação foi avançada pela Sky News, que acrescenta que essa ação interposta terá sido adulterada pelo advogado da norte-americana pelo uso de “documentos inapropriados”.

Segundo a cadeia britânica, o jogador português pagou 375 mil dólares (23,6 milhões de euros) depois da alegação de violação de Mayorga e existia agora um pedido de pagamentos adicionais pelo caso de 25 milhões de dólares mas a juíza distrital que tinha o caso, Jennifer Dorsey, considerou esta sexta-feira que o mesmo deveria ser arquivado pela forma como os documentos que foram apresentados como prova foram obtidos, numa ação civil que tinha sido transferida para a Justiça Federal norte-americana no ano de 2019.

O Los Angeles Times refere que, na decisão de 42 páginas, o advogado de Mayorga, Leslie Mark Stovall, é acusado de “conduta de má fé” e de uso de documentos confidenciais “roubados”. “Acho que a aquisição e o uso contínuo desses documentos foi de má fé e desqualificar Stovall não vai corrigir o prejuízo de Ronaldo porque os documentos desviados e seu conteúdo confidencial foram tecidos no próprio tecido das reivindicações da [reclamante Kathryn] Mayorga”, defendeu na decisão agora tomada.

Da mesma forma, em 2021, num relatório de 23 páginas dirigido à juíza Jennifer Dorsey, citado também pela AP, o magistrado Daniel Albregts, que recomendava o arquivamento, escreveu: “Rejeitar o caso de Mayorga pela conduta inadequada do seu advogado é uma consequência difícil”.

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“Mas é, infelizmente, a única sanção apropriada para garantir a integridade do processo judicial”, acrescentou, defendendo que “Stovall agiu de má-fé em detrimento de seu cliente e da sua profissão”.

Albregts referiu, no seu relatório, que o tribunal não tomou nenhuma decisão sobre se Ronaldo cometeu um crime e não encontrou evidências de que os seus advogados “intimidaram Mayorga ou impediram a aplicação da lei” quando a ex-modelo retirou as acusações criminais e aceitou o acordo confidencial, no valor de 375 mil dólares, em agosto de 2010.

A notícia deste acordo financeiro foi tornada pública pelo meio de comunicação alemão Der Spiegel, num artigo publicado em 2017 intitulado ‘Segredo de Cristiano Ronaldo’ com base em documentos obtidos na plataforma digital ‘Football Leaks’.

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Para Daniel Albregts a notícia divulgada pelo Der Spiegel deixava claro “que esses documentos incluíam comunicações privilegiadas (…) entre os advogados europeus e norte-americanos de Ronaldo sobre o acordo”.

Considerou o juiz que Stovall “agiu de má-fé ao pedir, receber e usar os documentos do ‘Football Leaks’ para avançar com o caso de Mayorga”.

No processo, Albregts rejeitou ainda o argumento de Stovall de que o uso dos documentos era justificado porque não foi o advogado quem os roubou e não podia provar que foram roubados.

O magistrado recomendou, no seu relatório, que a juíza rejeitasse também a alegação de Stovall de que, como Mayorga tinha dificuldades de aprendizagem quando criança e foi pressionada pelos representantes de Ronaldo, ela não tinha capacidade mental para assinar o acordo de confidencialidade em 2010.

Para Albregts “o caso de Mayorga contra Ronaldo provavelmente não existiria se Stovall não tivesse pedido os documentos do ‘Football Leaks’” e o conhecimento de Mayorga sobre o conteúdo dos documentos “não pode ser desfeito”, relatou o magistrado, no ano passado.

O Tribunal de Apelações do 9.º Circuito dos EUA em São Francisco decidiu no início do ano que caberia a Jennifer Dorsey decidir sobre esta questão.

A Associated Press tentou contactar Leslie Mark Stovall por telefone e email mas sem sucesso, o mesmo acontecendo com a sua sócia, Larissa Drohobyczer. Também Peter Christiansen, advogado de Ronaldo em Las Vegas, estava também em viagem e não comentou ainda a decisão conhecida este sábado.