A Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada alertou esta terça-feira para os impactos decorrentes da guerra na Ucrânia que “estão a ser sentidos fortemente pelas empresas”, adiantando que vai solicitar reuniões com o presidente do Governo açoriano.

Segundo uma nota da associação empresarial da ilha de São Miguel, divulgada na sequência de uma reunião da direção e da Comissão Especializada da Indústria da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, que decorreu na segunda-feira, a “conjuntura económica revela-se muito desfavorável para a generalidade das atividades da indústria, algumas das quais ainda se encontram a sofrer as repercussões da pandemia” de Covid-19.

Atividades que, é acrescentado, “agora se vêm confrontadas com os impactos decorrentes da guerra na Ucrânia, que estão a ser sentidos fortemente pelas empresas”, nomeadamente o aumento “muito significativo” dos preços de matérias-primas, combustíveis e energia, “com impactos fortes no agravamento dos custos em toda a cadeia produtiva e de distribuição”, a subida das taxas de juro e “a insuficiência da promoção externa e dos apoios à exportação dos produtos regionais”.

O setor tem ainda “dificuldades muito significativas no recrutamento e retenção de recursos humanos, designadamente de técnicos médios e de técnicos superiores especializados”, entre os quais nas “áreas das engenharias e das tecnologias”, lê-se na nota.

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Por outro lado, a associação aponta para o “atraso na implementação” do Programa Operacional Açores 2030 (PO Açores 2030), sendo que a “ausência de apoios financeiros ao investimento” coloca “em questão a oportunidade do setor realizar atempadamente os seus projetos”.

De acordo com a Câmara do Comércio e Indústria, há também “dificuldades logísticas no porto de Ponta Delgada, devido à falta de equipamentos e às operações em geral”.

A situação a manter-se poderá originar “aumentos significativos dos preços dos produtos”, com “impactos nos consumidores e na competitividade externa das exportações”, acrescenta a Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada.

Para a associação, o quadro traçado “é altamente condicionador da atividade da indústria”.

“Foi, por isso, considerado muito importante a existência de políticas públicas que minorem esta situação e que tenham também uma perspetiva de médio e longo prazo de estímulo para que o setor se modernize, inove, faça a transição energética e digital e possa acrescentar cada vez mais valor aos produtos dos Açores”, indica.

A Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada pede também uma atuação imediata em várias linhas, defendendo, entre outras medidas, que é necessário tornar os transportes marítimos e aéreos de mercadorias “mais económicos e mais eficientes” e acelerar a nova geração de sistemas de apoio ao abrigo do Programa Operacional dos Açores 2030 (PO2030), através da “desburocratização dos processos que pairam meses sem fim nos serviços de análise e de pagamento”.

A Câmara do Comércio de Ponta Delgada considera igualmente que é preciso “retomar, a sério, a promoção externa dos produtos dos Açores”.

Para a associação empresarial torna-se igualmente importante “encontrar alternativas aos combustíveis tradicionais e estimular a concertação entre empresas nesta procura de soluções”.

A direção da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada revela que vai solicitar reuniões com o presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, e com os titulares das secretarias responsáveis pela formação, transportes, agricultura e pelas finanças.

A associação vai ainda pedir reuniões com a reitoria da Universidade dos Açores e com a Federação Agrícola dos Açores.