Um estudo genético das bactérias que provocam a febre tifóide publicado nesta terça-feira na revista Lancet Microbe revela que se tornaram mais resistentes a antibióticos e se expandiram nos últimos 30 anos.

Os investigadores liderados por Jason Andrews, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos da América, conduziram a maior operação de sequenciação genómica da bactéria S- Typhi, analisando mais de 7.500 tipos diferentes, sobretudo provenientes do sul da Ásia.

“A velocidade a que estirpes altamente resistentes de S-Typhi surgiram e se espalharam nos últimos anos é uma verdadeira preocupação e ilustra a necessidade de alargar urgentemente medidas de prevenção, sobretudo nos países em maior risco”, defende o principal autor do artigo.

Todos os anos, 11 milhões de pessoas ficam infetadas e 100.000 acabam por morrer de febre tifóide, com 70 por cento dos casos mundiais a ocorrerem no sul da Ásia mas com impacto na África subsaariana, sudeste da Ásia e Oceânia.

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Uma das conclusões do estudo é que estirpes resistentes com origem no sul da Ásia se espalharam para outros países quase 200 vezes desde 1990.

Os antibióticos conseguem tratar as infeções, mas a resistência das bactérias é cada vez maior nos países como os analisados no estudo, que incluem o grupo Bangladesh, Índia, Nepal e Paquistão, bem como amostras isoladas em mais de setenta países desde 1905.

Em todos os 7.658 genomas sequenciados se encontraram genes que aumentam a resistência da bactéria aos antibióticos.

Desde 1990, chegaram a vários países do sul e sudeste da Ásia, África Austral e Oriental e também Reino Unido, Estados Unidos e Canadá.

Os autores apontam a escassez de amostras de zonas como a África subsaariana e Oceânia, onde a febre tifóide é endémica, como uma das limitações da sua investigação.

A doença, que tem várias fases e se prolonga durante semanas, provoca febres altas, delírio, desidratação, exaustão, perda de peso, e irritação da pele.

Os principais fatores de risco são a falta de acesso a água potável e a saneamento.