O início de vida de Caleb Swanigan tinha tudo para marcar o caminho de alguém que ganhara do pai a (muita) altura e a tendência para ganhar peso. Andou em abrigos, tentou fintar a adição às drogas que foi tendo sempre à sua volta, a certa altura parecia perdido. Quando conheceu Roosevelt Barnes, um antigo jogador de futebol americano que acreditou nele e o adotou, encontrou o foco para ter um rumo, um rumo de tal forma auspicioso que o levou a ser escolhido na primeira ronda do draft da NBA de 2017 como 26.ª posição. Andou no elevador da principal competição e da G-League até 2020, quando se recusou por questões pessoais entrar na bolha criada na pandemia onde estiveram os Portland Trail Blazers.

Daí para cá, sem regressar mais à competição, Swanigan foi notícia em duas ocasiões. Na primeira, em vésperas do Natal de 2020, quando foi detido por posse de droga. Depois, quando surgiu em tribunal com um considerável aumento de peso de mais 64 quilos, passando de 118 para 182. Sete meses depois dessa imagem surgiu a notícia que ninguém ainda quer hoje acreditar na NBA: o poste morreu num hospital de Indiana, de causas naturais, na noite da passada segunda-feira. Tinha apenas 25 anos.

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“Os nossos pensamentos e orações estão com a família e com os amigos do Caleb Swanigan. O mundo perdeu uma alma boa na última noite”, anunciou depois a Universidade de Purdue, confirmando o óbito do jogador que saiu para a NBA do college de Indiana. “Estamos de coração destroçado pela morte do nosso antigo jogador Caleb Swanigan. Os nossos pensamentos e orações estão com a família, os amigos e todos aqueles que amavam o Caleb. Descansa em paz, Biggie”, escreveram os Portland Trail Blazers.

Nascido em Indiana, Swanigan, também conhecido como o “filho do crack” pelo passado de adições do pai, foi andando de abrigo em abrigo entre Utah e Indianapolis durante a sua juventude, perdendo o progenitor quando tinha 17 anos. Antes disso, e perante episódios limite que fizeram com que tivesse passado por cinco instituições e 13 escolas diferentes só até aos 13 anos, o irmão mas velho tentou encontrar uma solução para Caleb e conseguiu que Roosevelt Barnes, que como atleta esteve ligado ao futebol americano via Universidade de Purdue mas que se tornou depois agente desportivo, ficasse com a sua guarda.

Mais do que o potencial para o basquetebol também pela altura que tinha, Swanigan foi aprendendo a ter outros hábitos alimentares que foram fazendo com que tivesse outra capacidade de controlar o peso. Com isso e com a autorização de um cardiologista que aprovou a sua condição, tinha emagrecido e muito quando terminou o ensino secundário, andando na casa dos 120 quilos (chegara a pesar antes mais de 150). Na altura de escolher onde prosseguir os seus estudos, teve ofertas de Arizona, Kentucky, Cal e Duke, chegou a comprometer-se de forma verbal com Michigan State mas acabou por optar por Purdue, focando o seu major na Educação. Quando chegou à NBA, tinha sido melhor ressaltador da Liga universitária.

“Ter sido escolhido no draft da NBA é a concretização de um sonho. Há muito tempo que pensava já na chegada deste momento. Sei que este é apenas o primeiro passo na minha carreira como profissional mas estou muito entusiasmado com o início desta jornada”, destacou. No entanto, as coisas acabaram por não correr da melhor forma, com médias muito modestas inferiores a três pontos e três ressaltos por jogo entre as passagens pelas equipas secundárias de Canton Charge, Texas Legends e Stockton Kings, quando tinha sido trocado para os Sacramento Kings. Voltaria depois aos Portland Trail Blazers em 2020, acabando o percurso depois da recusa em entrar na bolha da NBA em Orlando. Morreu agora aos 25 anos.