O mais velho homem associado ao nazismo, com 101 anos, foi esta terça-feira condenado a cinco anos de prisão por ter ajudado, e ser cúmplice, na morte de 3.518 pessoas no campo de concentração de Sachsenhausen, na Alemanha, informou a agência de notícias da AFP.  Ainda não se sabe se a pena de prisão será efetiva, diz o jornal britânico The Telegraph.

Josef Schuetz, na altura com 21 anos, terá participado, enquanto guarda das SS, nos assassinatos que ocorreram entre 1942 e 1945, ano em que o campo de concentração localizado a norte de Berlim foi liberto pelas tropas soviéticas. Além do fuzilamento de prisioneiros de guerra soviéticos, Josef Schuetz terá participado na morte de milhares de pessoas com recurso ao gás Zyklon B.

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Não sei porque é que estou sentado no banco do réu, não tive nada que ver com isso [as acusações]”, afirmou o centenário na sua declaração final antes da leitura da sentença, num tribunal de Brandenburg an der Havel. Desde o início do julgamento, Josef Schuetz afirmou “não ter feito absolutamente nada“, negando ter conhecimento dos crimes que ocorreram no campo de concentração de Sachsenhausen, conta o The Telegraph.

De acordo com o Independent, o condenado afirmou ter trabalhado como agricultor durante a Segunda Grande Guerra. A equipa de acusação, contudo, manteve o argumento de que Josef “sabia e participou voluntariamente” nos crimes de que foi acusado, citando documentos que mostram ter existido um guarda com o mesmo nome, data e local de nascimento que Josef Schuetz, assim como outros documentos.

“O tribunal chegou à conclusão que, contrariamente ao que afirma, [Josef Schuetz] trabalhou no campo de concentração como guarda durante cerca de três anos”, disse Udo Lechtermann, o juiz que leu a sentença. O magistrado afirmou ainda que o centenário tinha sido uma peça auxiliar do terror e da máquina assassina dos nazis. “Apoiou voluntariamente este extermínio em massa com as suas atividades.”

O julgamento do centenário teve início em novembro do ano passado, mas apenas foi concluído agora uma vez que, por motivos de saúde do réu, a sessão só podia contar com a presença de Josef Schuetz cerca de duas horas e meia por dia, além de ter de ser adiada diversas vezes devido a exames e estadias no hospital.

Mais de 200 mil pessoas foram feitas prisioneiras no campo de concentração de Sachsenhausen entre 1936 e 1945, sendo a maioria destas judeus, ciganos, opositores do regime nazi e homossexuais. Milhares de pessoas morreram em consequência de experiências médicas, fome, doenças e trabalho forçado, além de assassinatos declarados.