O Livro de Pantuns, um manuscrito com 300 anos, preservado no Museu Nacional de Arqueologia, onde foi encontrado recentemente, é editado pela primeira vez, na sua versão integral, e será apresentado no próximo dia 19, em Lisboa.
O Livro de Pantuns, que reúne textos poéticos, nesta forma típica do sueste asiático, especificamente de origem malaia, é “um manuscrito asiático com 300 anos, contendo uma coleção de poemas em malaio e crioulo malaio-português, encontrado na ilha de Java (Indonésia) e que pertenceu ao arqueólogo e filólogo José Leite de Vasconcelos (1858-1941)”.
Por vontade testamentária, Leite de Vasconcelos “entregou parte do seu espólio científico e literário” ao Museu Nacional de Arqueologia (MNA), que ajudou a constituir, “incluindo uma biblioteca com cerca de 8.000 títulos, e ainda manuscritos, correspondência, gravuras e fotografias”.
Este manuscrito foi recentemente encontrado no MNA, em Lisboa, e, através da Imprensa Nacional (IN), na sua coleção “Leitiana”, é dado ao prelo depois de cerca de quatro anos de trabalho científico.
A edição foi levada a cabo por uma equipa internacional de especialistas em línguas e culturas do sueste asiático, coordenada pelos investigadores Ivo Castro e Hugo Cardoso, do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, e formada ainda pelo investigador australiano Alan Baxter e pelos professores neerlandeses Alexander Adelaar e Gijs Koster.
“A existência do manuscrito era conhecida desde o séc. XIX, tendo sido mencionado por vários autores, mas nunca fora antes descrito, publicado ou interpretado”, explica a IN.
“O conteúdo do manuscrito é uma coleção de pantuns, cujos temas dominantes são o amor, a guerra, aspetos da vida quotidiana, etc.”.
“O Livro de Pantuns. Um Manuscrito Asiático do Museu Nacional de Arqueologia”, de Ivo Castro, Hugo C. Cardoso, Alan Baxter, Alexabder Adelaar e Gus Koster, é apresentado no próximo dia 19, às 18h30, na Biblioteca da Imprensa Nacional, em Lisboa.
“Versos como estes — de amor, de guerra e de moralidade — foram, ao que tudo indica, escritos na ilha de Java em malaio e num extinto crioulo de base portuguesa”, lê-se na contracapa da obra.