A Universidade de Coimbra (UC), através do Centro de Estudos Sociais (CES), vai coordenar, nos próximos quatro anos, um projeto europeu sobre indústrias culturais e criativas em áreas não urbanas da União Europeia (UE), foi hoje anunciado.
Financiado em cerca de quatro milhões de euros pela Comissão Europeia, o projeto “In Situ — Inovação Local das Indústrias Culturais e Criativas em Áreas não Urbanas” envolve seis regiões europeias, localizadas, em Portugal, na Região Autónoma dos Açores e na Irlanda, Islândia, Finlândia, Letónia e Croácia.
Apesar do aumento da visibilidade e importância das indústrias culturais e criativas sediadas em áreas não urbanas da União Europeia na última década, é notória a falta de atenção da investigação e das políticas, às suas necessidades, características e potenciais específicos”, refere uma nota de imprensa da Universidade de Coimbra enviada hoje à agência Lusa.
Nesse sentido, o projeto In Situ “apresenta-se como uma oportunidade de estudar o potencial instalado de competitividade e inovação nesta área e de contribuir para aumentar a capacidade das ICC [Indústrias Culturais e Criativas] de atuarem como impulsionadores de inovação, competitividade e sustentabilidade nos contextos não urbanos onde se localizam”, adianta o comunicado.
Em declarações à Lusa, Nancy Duxbury, investigadora principal do projeto, explicou que irão ser criados laboratórios nas seis regiões (denominados In Situ Labs), — interligando a investigação e aplicações práticas, ou seja, combinando a pesquisa com ações experimentais — e que, no caso dos Açores, os investigadores pretendem que possa abranger toda a região autónoma.
“A ideia é que seja aberto a todas as ilhas“, frisou.
Nas seis regiões europeias, haverá “dimensões” e “prioridades” diferentes” para cada In Situ Lab, desde a criação de redes culturais até ao desenvolvimento de projetos cruzados entre o setor cultural e outros setores.
O projeto inclui ainda um programa de treino e capacitação de pessoas ligadas às indústrias culturais e criativas: “Esperamos que a região inteira possa, de alguma maneira, participar”, reafirmou Nancy Duxbury.
A investigadora canadiana do CES, que vive em regime de “part time” entre Coimbra e Ponta Delgada (a capital da região autónoma, localizada na ilha de São Miguel), disse ainda que o projeto “está a começar” e que um dos parceiros é, precisamente, a Universidade dos Açores, que ficará encarregue do desenvolvimento científico e da criação de redes a nível local.
Um evento de lançamento do projeto será realizado nos Açores em outubro, acrescentou Nancy Duxbury, que lidera uma equipa multidisciplinar onde se incluem os investigadores Antonieta Reis Leite, Cláudia Pato de Carvalho, Hugo Pinto, Lorena Sancho Querol, Paula Abreu e Sílvia Ferreira.
O consórcio europeu coordenado pelo CES e apoiado por um conselho científico internacional, reúne 13 parceiros institucionais em 12 países.
Para além das Universidades de Coimbra e Açores, integram o projeto a Universidade Nacional da Irlanda, localizada em Galway, a Rede Europeia de Centros Culturais (Bélgica), Universidade de Utrecht (Holanda), Instituto Nacional de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente (França), Mondragon Inovação e Conhecimento (Espanha) e a Fundação Kultura Nova (Croácia).
O projeto europeu conta ainda com a participação das Universidades de Turku (Finlândia), Bifrost (Islândia) e Hildesheim (Alemanha), a Academia Letã de Cultura (Letónia) e Academia Nacional de Artes Teatrais e Cinematográficas “Kr. Sarafov” (Bulgária).