Ninguém esperava que fosse colocada tão cedo a possibilidade de abandonar o Golf, o modelo mais importante da história da Volkswagen e aquele que mais vende. Mas é isso que afirma o conceituado jornal alemão Welt, ao assegurar que a geração actual do Golf, a oitava, será a última a ser fabricada do modelo que deu os primeiros passos em 1974.

A informação avançada pela publicação alemã provém do facto de o próprio CEO da marca, Thomas Schäfer, ter declarado que “não faz sentido desenvolver um novo veículo que será incapaz de se manter em produção nos próximos sete a oito anos, o seu ciclo de vida”. Para depois concretizar: “Esta decisão seria demasiado onerosa.” Schäfer admitiu ainda que “a VW está a trabalhar num restyling do Golf” e que “será tomada uma decisão definitiva nos próximos 12 meses”.

A actual geração do Golf foi revelada em finais de 2019, tendo chegado à maioria dos mercados já em 2020, pelo menos em todas as versões, pelo que o modelo terá de ser produzido até 2028 para cobrir os investimentos e gerar a necessária margem de lucro. Ora, a Volkswagen acredita que, muito em breve, será mais barato produzir veículos eléctricos a bateria do que modelos da mesma dimensão com motores de combustão, tendo o CEO afirmado ainda que “os modelos 100% eléctricos fazem mais sentido nos segmentos mais pequenos do mercado, uma vez que rapidamente se tornarão mais acessíveis”.

Isto inclui necessariamente modelos com a mesma bitola dos up!, Polo, Golf e, provavelmente, Passat, bem como os SUV e crossovers que partilham as mesmas plataformas e mecânicas. Esta decisão da VW não será estranha à necessidade de reforçar o equipamento de tratamento dos gases de escape nos veículos com motores de combustão, especialmente devido à introdução do Euro 7, a nova norma para determinar consumos e emissões que deverá ser aplicada a partir de 2025. Thomas Schäfer estima que o Euro 7 vá implicar um incremento de custos na produção entre 3000 e 5000 euros por veículo, aumento mais difícil de encaixar nos modelos mais pequenos e acessíveis.

Se os automóveis com motores de combustão vão tornar-se mais caros, devido a normas mais apertadas de emissões, os concorrentes eléctricos deverão ver o seu preço baixar progressivamente, à medida que o custo das baterias cai, seja por incremento dos volumes de produção, seja pela adopção de novas químicas e tecnologias. Daí que a VW já tenha admitido lançar em breve o ID. 1 e o ID. 2 – em linha com o que fará a Cupra, a Seat e a Skoda –, o primeiro um mini-hatchback e o segundo um mini-SUV, ambos na fasquia de preços entre 20 e 25 mil euros.

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