Jorge Fernandes, presidente da Federação Portuguesa de Judo (FPJ), é acusado de acumular vários cargos, ocupando ilegalmente o da presidência do Judo Clube de Coimbra (JCC). A notícia é avançada pelo jornal Público, que teve acesso a uma denúncia assinada por Abel Louro, líder da associação de judo de Castelo Branco, e dirigida ao Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e ao Comité Olímpico de Portugal (COP).
Com o propósito de revelar “ilegalidades existentes no seio” da FPJ, a denúncia afirma que Jorge Fernandes acumula — “ilegalmente”, desde que foi eleito presidente da federação, em 2017 — o cargo de presidente da Federação de Judo e do Judo Clube de Coimbra. Este facto desrespeita as regras estipuladas pelo Regime Jurídico das Federações: segundo o artigo 49.º, cita a denúncia, é incompatível acumular funções de titular num órgão federativo com funções de dirigente de clube. E segundo o artigo 51.º, “perdem o mandato os titulares de órgãos federativos que, após a eleição, sejam colocados em situação que os torne inelegíveis ou relativamente aos quais se apure uma das incompatibilidades previstas na lei ou nos estatutos”.
Mas as irregularidades destacadas pela queixa não se ficam por aqui. Além destas duas funções, a denúncia aponta o facto de Jorge Fernandes ser ainda o “treinador responsável pelos escalões de formação do JCC”, tendo ainda contratado o próprio filho para desempenhar o “cargo na equipa técnica da Federação Portuguesa de Judo no departamento de Judo Juvenil.”
Judocas descontentes e Federação vão reunir-se com Secretário de Estado
“Estas situações, entre outras, violam frontalmente o previsto nos estatutos da Federação Portuguesa de Judo, bem como no regime das federações desportivas, pelo que aguardamos a devida tomada de providências quanto às mesmas”, termina a denúncia. Ao jornal Público, Jorge Fernandes disse não ter conhecimento de nada e de não ter sido contactado por ninguém, recusando-se por isso a comentar.
A denúncia surge poucas semanas depois de sete judocas olímpicos — incluído Telma Monteiro, Catarina Costa, Bárbara Timo ou Rodrigo Lopes — terem, através de uma carta, denunciado esta mesma federação, em particular o seu presidente, por cultivar um “clima insustentável e tóxico” no judo português. O caso levou já a uma reunião a 16 de agosto promovida pelo secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, que resultou em medidas de resposta aos atletas.