Ambrose Akinmusire, Marshall Allen e Maria João são alguns dos nomes que atuam na 20.ª edição do festival Jazz ao Centro, que decorre entre 22 de setembro e 23 de outubro, em sete espaços da cidade de Coimbra.

O festival arranca a 22 de setembro com um concerto do brasileiro Rodrigo Brandão com a Sun Ra Arkestra, um “dos grupos incontornáveis da história do jazz”, ativo desde a década de 1950 e que se apresenta em Coimbra sob a liderança do americano Marshall Allen, de 98 anos, afirmou o diretor do Jazz ao Centro Clube (JACC), José Miguel Pereira.

Em palco, estarão alguns elementos do grupo fundado por Sun Ra (um dos grandes nomes mundiais do jazz que morreu em 1993) e músicos da cena portuguesa do jazz improvisado, como Rodrigo Amado ou João Valinho.

O músico britânico Alabaster dePlume (24 de setembro), que lançou o seu último álbum este ano pela prestigiada editora de Chicago International Anthem, a flautista americana Nicole Mitchell (05 de outubro) e o trompetista Ambrose Akinmusire (22 de outubro), ligado à editora americana de jazz Blue Note desde 2010, são outros dos nomes internacionais presentes no programa deste ano.

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Ainda no plano internacional, o festival vai ainda acolher concertos de dois artistas “centrais na história do jazz europeu” — o alemão Peter Brotzmann e a britânica Heather Leigh — que vão apresentar-se a solo e em duo, este último concerto a ter lugar na antiga Coimbra Editora, espaço da Baixa de Coimbra, que irá acolher no futuro a sede da tecnológica Critical Software.

Durante a conferência de imprensa, o diretor do JACC, que coorganiza o festival com a Câmara de Coimbra, destacou ainda o concerto de Maria João e Carlos Bica, no Convento São Francisco, a 21 de outubro, numa primeira apresentação de um disco que irá sair ainda este ano, com a chancela da editora JACC Records.

No Jazz ao Centro, haverá ainda espaço para concertos de jovens músicos de jazz de Coimbra, como é o caso da cantora Leonor Arnaut, que estará em residência artística com João Carreiro e João Pereira, e do baterista Diogo Alexandre, que apresenta o seu disco de estreia.

O festival termina a 23 de outubro, com um concerto da banda sinfónica da Filarmónica União Taveirense com o pianista de jazz Mário Laginha.

Para José Miguel Pereira, esta edição, que conta com um orçamento de 50 mil euros, representa um aumento face a anos anteriores, esperando ser o início de um “salto dado de forma sustentada” por parte do festival.

“Existe, nomeadamente por parte da Câmara de Coimbra, essa vontade [de o evento dar um salto] e nós queremos mostrar que isso faz sentido. Este festival já é um momento âncora, mas tem condições para assumir uma outra dimensão”, frisou o diretor do JACC, esperando que o próximo quadro de financiamento da Direção-Geral das Artes permita também um “aumento significativo” no apoio recebido pela entidade.

O chefe de divisão de cultura da Câmara de Coimbra, Paulo Pires, realçou que a autarquia pretende “identificar projetos que são âncora e que têm de ser priorizados”, para poderem ter “uma maior alavancagem financeira”.

“Este é um festival sem preconceitos, com uma visão democrática, lúcida e desempoeirada do jazz em Portugal”, notou Paulo Pires, realçando ainda o trabalho do JACC no apoio à criação e ao facto de a sua atividade não se encerrar no território de Coimbra.

Já o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, sublinhou que o festival “é um evento muito importante” para o município, permitindo “levar o jazz, a música e a cultura a vários espaços da cidade”.

O autarca, que tem o pelouro da cultura, notou ainda que o Salão Brazil, espaço municipal gerido pelo JACC, está a necessitar de “um investimento”, esperando que no próximo quadro comunitário seja possível angariar financiamento para tal.

Os bilhetes para o festival custam entre dez e 15 euros, estando à venda nos locais habituais.