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Ao fim de 18 anos como juiz de direito no Tribunal Central de Instrução Criminal, Carlos Alexandre vai apresentar-se ao concurso de acesso aos tribunais da relação, noticiou a revista Visão e confirmou o Observador. Na prática, Alexandre vai ser graduado como juiz desembargador e isso implicará a sua saída do Ticão e a colocação num dos cinco tribunais da relação.
O pontapé de saída será dado com a abertura da fase de candidatura daquele que será o 11.º Concurso Curricular de Acesso aos Tribunais da Relação.
Nas suas últimas avaliações, Alexandre conseguiu regularmente a classificação de “Muito Bom” o que, aliado ao seu curriculum, abre boas possibilidades para ser graduado em juiz desembargador.
A candidatura à graduação em juiz desembargador surge a 30 meses da jubilação. Ao que o Observador apurou, caso não consiga obter a graduação, Carlos Alexandre já decidiu que ficará no Tribunal Central de Instrução Criminal até ao final da sua carreira.
Tendo em conta que Ivo Rosa já não faz parte dos quadros do Ticão (sendo apenas provisoriamente juiz auxiliar), caso a saída de Alexandre se concretize, o Ticão perderá os dois juízes que mais debate suscitaram nos últimos anos na Justiça portuguesa.
O percurso de Carlos Alexandre
Depois de ter concluído a licenciatura em Ciências Jurídicas na Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa e de ter completado a sua formação no Centro de Estudos Judiciários, Carlos Alexandre foi colocado em regime de estágio nas comarcas de Tomar e de Évora entre 1987 e 1988.
Felgueiras foi a sua primeira comarca como juiz de direito auxiliar, tendo a partir daí passado por Cascais e Vila Franca de Xira. Foi nesta última comarca que acabou por ficar colocado em 1993 como juiz de direito, iniciando aí a sua carreira na jurisdição penal.
A partir de 2000, acumulou funções como juiz de instrução criminal junto da Direção Nacional da Polícia Militar, tendo começado a ser notado na opinião pública pelo seu papel em investigações que ganharam algum mediatismo.
Em novembro de 2004, entrou igualmente como juiz auxiliar no Tribunal Central de Instrução Criminal — um tribunal com âmbito territorial alargado criado no final dos anos 90 para realizar os atos de instrução criminal do Departamento Central de Investigação e Ação Penal.
Foi no Ticão que Carlos Alexandre entrou definitivamente no radar da opinião pública, sendo o juiz de instrução criminal titular de inúmeros casos relevantes, como a Operação Marquês, os casos Universo Espírito Santo, Portugal Telecom, Furacão, BPN, BPP, Universidade Independente, Portucale, Face Oculta, entre muitos outros.